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3 out 2012

Mercado de luxo apresenta oportunidades em consumo

O setor de consumo, que ficou relegado a segundo plano desde o aparecimento dos primeiros sinais de esgotamento, ainda guarda oportunidades de investimento. Talvez não em empresas dependentes da classe média, mais vulnerável a choques associados à renda e inflação, mas em um nicho bem particular que se beneficia de um segmento que continua crescendo a todo vapor: o de luxo.

Nos últimos cinco anos, aponta estudo do Goldman Sachs, o consumo de alta renda no Brasil vem crescendo consistentemente a uma taxa média anual de 20%, em termos nominais. Acima do setor de varejo em geral, com taxa de 13% ao ano, e da indústria de shoppings (17%). Só em 2011, teria ultrapassado a cifra de R$ 20 bilhões, segundo levantamento da MCF, consultoria especializada no segmento de alta renda, em parceria com o instituto de pesquisa GfK.

Estimativas de economistas do Goldman apontam ainda que o mercado de luxo, caracterizado por uma renda anual de US$ 30 mil per capita, deve alcançar 17% da população brasileira em 2025, saindo de uma fatia de 7% no ano passado. Isso significaria 22 milhões de novos consumidores de alta renda. Um aumento superior ao que é esperado para a classe média, aponta Irma Sgarz, analista de varejo do Goldman Sachs. Segundo ela, um outro estudo da FGV em parceria com a Ernst & Young mostra que as classes A e B vão crescer a uma taxa anual de 12% até 2030, além do que se espera para classe C (9% ao ano) para o período.

E se os gastos dessa fatia privilegiada da população crescem em linha com a inflação, é possível esperar um crescimento nas vendas superior a cinco vezes na comparação com 2011, para mais de R$ 100 bilhões, aponta o estudo do Goldman Sachs. Para efeitos de comparação, o gasto per capita desse consumidor de luxo é hoje 300% maior na China e 64% superior na Rússia, o que sinaliza um potencial enorme de expansão nesse segmento no Brasil.

No contexto atual, em que o setor de consumo sofre com o cenário macro de elevado endividamento e crescimento mais modesto, é no segmento de alta renda que estão as oportunidades de investimento, acredita Irma. Mas isso vale para o investidor que tem uma visão de médio prazo, pondera a analista, já que essa é uma tendência amparada em mudanças estruturais, tanto demográficas quanto ligadas a padrões de consumo.

A vantagem, continua Irma, é que o mercado de luxo é menos vulnerável a ciclos macroeconômicos, principalmente se comparado ao consumo da classe média, baseado na expansão do crédito. Mas quais são as companhias abertas que podem surfar essa onda? No setor de varejo, especificamente, são duas, aponta Irma: a empresa de calçados Arezzo e a varejista de moda premium Restoque, dona da marca Le Lis Blanc, entre outras.

Atualmente, Arezzo é a aposta do Goldman Sachs, apesar da forte alta no ano (cerca de 60% até o dia 1º, para R$ 36,80). O banco tem recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo para 12 meses de R$ 40,90. Além de líder no segmento de calçados, as marcas do grupo – Arezzo, Schutz, Anacapri e Alexandre Birman – são voltadas principalmente para consumidores das classes A e B, o que o torna mais protegido em cenários de menor crescim