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31 jul 2012

Exportadores usam ‘novo’ câmbio para recuperar margem

As empresas exportadoras aproveitaram a mudança de patamar do câmbio para aumentar a margem de lucro nas vendas ao mercado externo. Esse ganho veio da desvalorização da moeda brasileira que, em termos reais, sofreu uma desvalorização de 14% em relação a uma cesta de moedas e de quase 19% em relação ao dólar desde fevereiro. Apesar deste ganho, ainda há certa cautela entre algumas empresas consultadas pelo Valor. Para adotar políticas mais agressivas para o mercado internacional – como redução do preço em dólar ou reforço das equipes de venda – os exportadores aguardam sinais mais evidentes de que a taxa de câmbio ficará nesse patamar, ou acima dele, por um longo período.

Poucas empresas relatam que já aproveitaram o novo câmbio para reduzir seus preços em dólar, como é o caso da Döhler, do setor de cama, mesa e banho. Segundo Carlos Alexandre Döhler, diretor comercial, uma parte do ganho com a depreciação cambial foi repassada aos preços, que em dólar caíram entre 10% e 12%, segundo o executivo. Com isso, explica, foi possível aumentar o volume físico de exportações no segundo trimestre, em relação a igual período do ano passado, apesar dos problemas enfrentados com as barreiras ao comércio com a Argentina. Hoje, cerca de 10% da produção da companhia é destinada à exportação, mas o objetivo é elevar essa parcela para algo mais próximo de 15% nos próximos cinco anos.

Segundo Döhler, além da mudança de patamar da taxa de câmbio, a desoneração da folha de pagamentos em troca da alíquota sobre o faturamento também elevou a competitividade da empresa e permitiu que as vendas externas sejam realizadas com margens mais elevadas do que as domésticas, relação que se alterou entre março e abril, diz o empresário.

Fabricante de componentes para o setor automotivo, a Tupy tem nas vendas ao exterior metade do faturamento do ano. Só em 2011, elas renderam cerca de US$ 600 milhões à empresa, segundo o vice-presidente Fernando Cestari de Rizzo. É política da empresa fazer um “colchão” contra a variação cambial. Por contrato, o comprador externo arca com parte da desvalorização ou apreciação do real. Mesmo não recebendo a rentabilidade inteira que o dólar mais caro proporcionou, a Tupy comemora a desvalorização do real.

A competitividade que o câmbio a R$ 2 trouxe permite à Tupy recuperar espaço em um mercado que havia perdido. “Estamos aumentando a carteira de exportação, principalmente em produtos mais simples, que haviam perdido competitividade.” Nos últimos anos, a empresa focou a exportação nos produtos de maior valor agregado como estratégia para compensar a valorização do real.

Como na Tupy as importações não são muito significativas, o custo de produção não foi impactado pelo dólar mais valorizado. O ganho geral deve ir para a margem de lucro da empresa, que ainda assim não deve aumentar muito em relação ao ano passado. “O mesmo fenômeno que causou a desvalorização também diminuiu a demanda: a economia mundial está desacelerando, o que torna mais difícil exportar”, diz Rizzo.

Na temporada de balanços do segundo trimestre, o efeito da desvalorização do real também foi sentido por empresas em que a participação das receitas com vendas externas é significativa. A WEG, fabricante de equipamentos eletroeletrônicos, vendeu R$ 799 milhões no mercado externo no se