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17 jul 2012

Daniele Mabe: estilista pensa no conteúdo aliado à forma

Os pais de Daniele Mabe estão no ramo de confecção há aproximadamente 30 anos, produzindo roupas para grandes magazines. Há cerca de dez anos, decidiram apoiar a decisão da filha de ter uma marca própria, onde pudesse explorar uma visão pessoal da moda – coisa impensável quando se trabalha em larga escala. Durante essa década, Daniele, como boa descendente de orientais, manteve-se discreta, contente em ter uma única butique no ponto mais frequentado da alameda Lorena, no bairro dos Jardins, em São Paulo. Mas os passos que já foram lentos serão acelerados em breve. Daniele acaba de inaugurar sua segunda loja no shopping JK Iguatemi, ao lado de grifes como Dolce & Gabbana, Prada e Gucci. As recentes coleções da estilista deixaram de ser tão focadas em malharia para incluir modelos de alfaiataria e até vestidos de festa. Uma linha completa de acessórios também está nos planos de médio prazo. Recentemente, o marido da estilista tornou-se sócio da empresa, viabilizando um plano de expansão de respeito: “Deveremos abrir uma loja própria por ano, nos próximos cinco anos”, diz Daniele, que reativou as vendas para multimarcas e turbinou os investimentos em marketing e publicidade para tornar sua grife mais conhecida.

Será difícil, portanto, não notar as criações da moça que, quando criança, pintava ao lado do avô, o artista japonês Manabu Mabe, que morreu em 1997, aos 73 anos. Com ele, aprendeu não só técnicas de pintura, mas a educar o gosto e apurar o olhar. Essa vantagem criativa não poderia mesmo ser desperdiçada. “Ele me ensinou a ter senso estético, a admirar o belo”, diz Daniele, que decidiu transformar a aptidão em roupas invés de quadros. Influências do traço de Manabu Mabe podem ser notadas em pequenas doses, nas roupas de Daniele, que explora estampas e cores sempre pensando em fazer peças duradouras, para além de uma única estação. Reproduções literais dos quadros do avô pintor estão apenas em uma coleção de lenços, que quase passa despercebida por quem vista a loja da alameda Lorena.

Enquanto outros herdeiros de artistas consagrados poderiam fazer barulho à custa de suas obras, Daniele prefere o respeito e a admiração quase silenciosos. O que aprendeu com o avô já basta. “São coisas que vou levar adiante”, afirma Daniele.

De certa maneira, pode-se dizer que Daniele Mabe é uma estilista “old fashion”, que pensa no conteúdo aliado à forma – e nunca somente na forma ou em tendências perecíveis. “Acredito em boa modelagem, em bom acabamento e em roupas feitas para durar”, diz a estilista, sem medo de nadar contra a corrente do fast fashion – movimento que vem invadindo a moda nacional com a força de um tsunami. “Quero continuar fazendo um luxo acessível, para mulheres que acreditam na roupa como investimento.” (VB)

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