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3 ago 2012

Uma história de casamento feliz entre a moda e a arte

Olhando a história da moda desde o final do século XIX é possível perceber que a arte tem sido mais do que uma amiga fiel da moda. É ela que dá aquela mãozinha quando um vestido precisa ser mais do que um simples vestido, ou um desfile precisa ganhar uma aura de happening, no lugar de um mero ir e vir de modelos. “Ligar-se às artes visuais é uma forma de a moda tentar ganhar mais status”, diz o professor de história da moda João Braga. Principalmente depois da expansão do prêt-à-porter, na década de 60, unir-se às artes foi o que restou à moda para manter o apelo da exclusividade e do luxo, mesmo ao continuar fazendo roupas em série. O interessante é observar como essa união é uma atitude ainda válida, a julgar pelo número de marcas que nesta temporada firmaram parcerias com artistas.

A brasileira Forum, por exemplo, apresentou em sua coleção para a próxima temporada de verão 2013 peças com estampas criadas pelo artista carioca Filipe Jardim, que já trabalhou para marcas internacionais como Hermès e Louis Vuitton, além de Issa London e Converse.

Para dar graça à coleção, o artista fez “um mélange bem-humorado de ícones contemporâneos do Brasil”. Nas roupas da Forum, pode-se ver a fachada do edifício Bretagne, em São Paulo, a orla de Salvador, além de um pout-pourri de frutas típicas. O resultado da parceria não poderia ter sido mais feliz.

Já a Espaço Fashion, do Rio de Janeiro, apresentou em seu desfile para o verão 2013 estampas bidimensionais com elementos decorativos otomanos. Inspirado na marchetaria e no artesanato, o trabalho é obra da designer romena, radicada em Londres, Andreea Mandrescu, elogiada pelas estampas “tecnológicas” que saltam da roupa. Andreea já trabalhou com Alexandre McQueen e teve sua obra exposta no Victoria&Albert Museum, em Londres, no ano passado.

Outra parceria bem-sucedida é entre a designer de acessórios Francesca Romana Diana e a artista Isabelle Tuchband, que juntas criaram a coleção La Gitane, para o verão 2013. La Gitane traduz a paixão da artista pelo universo cigano, e é composta por brincos, pulseiras, pentes de cabelo, lenços, pingentes e bolsas de miçangas.

Para a já tão conhecida Francesca, ter o universo particular de um artista como ponto de partida é o melhor dos desafios. Já para Isabelle – que pela primeira vez tem sua obra impressa no trabalho de outra designer – a arte precisa da moda e a moda precisa da arte. “Adoro a sensação de ser ‘usada’ e carregar a minha obra por aí”, diz a artista.

Para o professor João Braga, não é apenas a moda que tem a ganhar com a associação com a arte. “Esse é um diálogo para unir forças e gerar visibilidade. E a moda, como forma de expressão, é a que tem maior visibilidade entre as duas”, diz Braga. Passeando na forma de roupas ou de acessório, as obras de arte alcançam mais espectadores do que se estivesse nas paredes de um museu.

O trabalho da artista australiana Florence Broadhurst (1899-1977), por exemplo, era provavelmente desconhecido para boa parte das clientes da marca de roupas e acessórios Kate Spade. Mas não é mais desconhecida principalmente graças à coleção lançada recentemente pela grife americana (e à venda também no Brasil). A coleção da Kate Spade mistura o sutil com o arrebatador, com uma cartela de cores feita de azul e verde claros, com pitadas de pink e coral fluorescente. É uma boa mostra do esp