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23 jan 2013

Setor desonerado não supera média da indústria


Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo

Usados como teste no pacote de desoneração da folha de pagamentos lançado pelo governo federal no ano passado, os setores de confecção e de calçados acompanharam o desempenho da atividade industrial, que registrou queda na produção, aumento no faturamento, maior concorrência de importados, aumento de preços e crescimento modesto do emprego formal.

Na prática, apesar de o benefício já ter funcionado por 12 meses, ele não serviu para que os dois setores superassem o quadro geral de fraqueza da indústria. A competitividade proporcionada pela renúncia fiscal de R$ 1 bilhão oferecida aos dois segmentos – decorrente da troca da contribuição de 20% do valor da folha salarial ao INSS por uma alíquota de 1% sobre o faturamento – permitiu, contudo, um ganho de margem para as empresas ou foi usado para segurar reajustes de preços.

Em relação a 2011, o setor de calçados registrou recuo de 3,4% na produção no acumulado de janeiro a novembro do ano passado de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), queda de 2% no volume exportado, e de 2,3% na importação, segundo a Fundação Centro de Comércio Exterior (Funcex), além de retração de 2,5% no faturamento, na sondagem realizada com as empresas do setor pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O segmento de confecções, por sua vez, apresentou, também no acumulado de janeiro a novembro, quedas de 4,6% na produção e de 14% no volume de exportações. O faturamento, contudo, aumentou 5,1% e as importações cresceram 21,7%, acirrando mais a disputa pelo mercado interno.

No conjunto da indústria de transformação, o raio-x é semelhante ao dos dois setores. A produção física recuou 2,7%, segundo o IBGE, e o faturamento aumentou 2,8%, de acordo com a CNI.

Diferentes estatísticas de emprego também não deixam claro se o benefício fiscal ajudou a elevar as contratações nos dois setores. Os dados do IBGE apontam recuo de 8,9% no emprego em confecções e de 6,4% em calçados. No geral da indústria, a contração medida pelo instituto foi mais tímida: 1,3%. Já o Cadastro Geral de Admitidos e Demitidos (Caged), do Ministério do Trabalho, mostra aumento do emprego de 1,6% no setor de confecções, de 4,3% em calçados e de 4,5% para o conjunto da indústria de transformação. Contudo, o crescimento do emprego formal nos dois setores beneficiados foi similar ao constatado em 2011, quando não havia o impacto da desoneração.

O destino dado ao benefício variou em cada um dos dois setores, mas não resultou em queda de preço ao consumidor. Internamente, os preços dos dois segmentos subiram, ainda que sem sinais claros de pressão de insumos. No setor de vestuário, o Índice de Preços ao Produtor (IPP), calculado pelo IBGE para representar o preço efetivo de saída da fábrica, acumulou alta de 4,9% até novembro, bem acima do aumento de 1,87% registrado na fabricação de produtos têxteis. Em calçados, o IPP subiu 4,5% em 2012, até novembro, último dado disponível.

O benefício também não ajudou a recuperar mercado externo, pois mesmo a desvalorização do real no ano passado – que devolveu parte da rentabilidade das vendas ao exterior -, foi solapada pela desaceleração dos principais mercados internacionais, de acordo