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10 jul 2012

Ritmo de encomendas do varejo causa incerteza para calçados e vestuário

A desaceleração dos negócios que começou em abril e se estendeu até o fim do primeiro semestre fez o setor calçadista entrar na segunda metade do ano em clima de incerteza. No setor têxtil, o cenário é o mesmo. Nos dois segmentos de bens semiduráveis, o endividamento dos consumidores e o inverno fraco afetaram as vendas do segundo trimestre e atrasaram as encomendas do varejo. Com isso, algumas indústrias, especialmente de calçados, já reveem para baixo as projeções de crescimento no ano, embora a desvalorização do real alimente expectativas de melhor desempenho das exportações nos próximos meses.

A Ramarim, fabricante de calçados femininos de Nova Hartz (RS), iniciou o ano com expectativa de crescimento em torno de 10% nas vendas na comparação com 2011, disse o diretor-administrativo Jakson Wirth. Desde abril, entretanto, os pedidos dos lojistas começaram a diminuir e hoje a previsão é de “estabilidade” na produção em relação ao ano passado, na faixa de 65 mil a 70 mil pares por dia.

Em junho, as encomendas já ficaram abaixo do mesmo mês de 2011. A queda ainda não foi “preocupante”, mas a empresa decidiu diversificar o portfólio, lançando produtos mais competitivos para a coleção primavera-verão.

A Bibi, que produz calçados infantis e tem sede em Parobé (RS), viu em junho uma redução de 10% ante o mesmo período de 2011 tanto no faturamento quanto nas encomendas, disse o diretor-administrativo e financeiro, Rosnei da Silva. Até então, registrava altas mensais de 10% nas receitas.

A expectativa agora é quanto ao ritmo dos pedidos da próxima coleção, que começam a entrar neste mês para entrega a partir de agosto. Será um ano “suado”, disse o executivo, mas a empresa ainda mantém a previsão de crescer entre 7% a 12% ante o faturamento de R$ 126 milhões de 2011.

O diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, não vê sinais de recuperação do mercado interno neste ano, depois da queda de 5% no consumo aparente em 2011 ante 2010, para 741 milhões de pares. Até maio, a retração chegou a 4,58% em comparação com o mesmo período de 2011, conforme o IBGE.

A esperança do setor recai agora sobre os possíveis efeitos positivos da desvalorização do real sobre as exportações. Com o dólar cotado na faixa de R$ 2, a próxima coleção poderá ser vendida sem reajuste ou até com algum desconto em moeda estrangeira, mas ainda existem os riscos de volatilidade do câmbio e as incertezas quanto à retirada das barreiras às vendas para a Argentina e aos desdobramentos da crise econômica na Europa, explicou Klein.

A variação do dólar de março a junho ainda não foi suficiente para alterar o desempenho das exportações porque pegou o período de entressafra de encomendas e os pedidos para a próxima coleção começam agora. No ano, os embarques deverão ficar abaixo de US$ 1,1 bilhão, o menor nível desde que a Abicalçados começou a monitorar as exportações, em 1990. No ano passado o montante ficou em US$ 1,3 bilhão.

Apesar do quadro ainda nebuloso, a Bibi vê uma “perspectiva positiva” para as exportações nos próximos meses. A Ramarim tam