Gloria Coelho abriu o penúltimo dia de desfiles dando aulas de como dosar a visão artística do estilista e os interesses comerciais dos empresários. Inspirada pela energia de vulcões e neutrinos, ela mostrou um inverno tão forte, quanto delicado. Ao couro bovino, com pêlos mesclados, uniu lã e, ao tule, deu o brilho do cetim e dos cristais bordados como em uma explosão astronômica. As silhuetas vêm amaciadas por ombros arredondados e barras com babados. Vestidos transparentes, que velam/revelam macaquinhos de lingerie abrem alas para os vestidos longos, bordados com maxipaetês de madrepérola ou círculos de tecidos acetinados, que emprestam brilho às peças sem pesar demais. Atenção também para as mangas destacadas, que aquecem os looks com uma pitada de futurismo.
Danielle Jensen viajou até o Norte para trazer referências para o inverno da Maria Bonita. A inspiração é sutil, já que as silhuetas não diferem muito das que a grife costuma mostrar nas passarelas. Os vestidos flertam com o paletó ou vêm longuetes, retos e com alcinhas. Os tornozelos ficam à mostra com as calças e macacões curtos e revelam os oxfords com saltos altos embutidos nos saltinhos do sapato tipicamente masculino. Nesta temporada, bolsos aparecem como peças decorativas, feitos de couro metalizado. O trabalho manual reaparece valorizado, nas peças em que as tramas se unem à lã plana, em casacos compridos que aquecem e refrescam ao mesmo tempo. A surpresa da coleção aparece nestes detalhes sensualizadores do look: um crochê sobre a pele nua, um paletó que deixa as costas totalmente nuas ou um vestido longuete que se abre em uma fenda generosa para deixar à mostra o shortinho que arremata a peça híbrida.
Na contramão de uma temporada que se mostra rigorosa pelas lãs e couros, Raquel Davidowicz criou para a UMA um inverno de malhas. Em suas mãos, os tecidos de algodão, seda e viscose com elastano tornaram-se macacões soltos, vestidos relativamente leves e t-shirts longas. A coleção ganha mais textura com as peças de um tecido empapelado, amassado mesmo. Jaquetas perfecto de lã agradarão às mais friorentas. Destaque também para os acessórios: as botinhas rasteiras são coringas invernais e entre as bolsas, há desde pastas executivas a bolsinhas de mão, que ficam presas por todos os dedos, como um maxi anel.
João Pimenta explorou novamente o tema monástico em seu inverno ? a outra vez havia sido no inverno passado -, mas o visual que se viu hoje é bastante diferente do apresentado há cerca de um ano. A brincadeira da vez é ao estilo de ?O Médico e o Monstro?, com direito a máscaras ao estilo medieval. A alfaiataria aparece com detalhes de couro e os paletós são recortados por ?V? invertidos. Assim, dá pra ver que muitas das calças desfiladas trazem pregas no cós; o que pode não agradar a muitos, mas que já desponta como tendência para o guarda-roupa masculino. Para os que gostam de peças mais ajustadas no corpo, o estilista criou calças de couro gasto, com aspecto empoeirado. A parte de baixo dos looks ganha atenção também com as saias amplas, combinadas com suéteres de tricô e camisas de manga comprida. A cartela de cores não é ousada como a silhueta e aparece pautada no preto, azul marinho e marrom.
Lino Villaventura fez uma viagem a um reino da fantasia em seu inverno 2012. Aristocracia e decadência encontraram-se em vestidos com saias volumosas e despedaçadas. O plissado e as nervuras de que o estilista tanto gosta estão presentes principalmente nas peças pretas, para homens e mulheres. Ombros ganham destaque com decotes enviesados, enquanto os braços apareceram cobertos em vários looks. Lino aquece as peças femininas com capas volumosas e os masculinos com paletós e malhas com faixas laterais que vão até os joelhos. É no masculino que mora o detalhe interessante das calças de seda com estampa monocromática de madeira bruta e das solas dos sapatos coloridas de roxo.
Fonte: IG
