11
fev
2011
Autoestima e moda podem, sim, caminhar juntas. A equipe Mulheres Reais provou que isso é possível ao promover nesta terça-feira (8), em São Paulo, um desfile que colocou mulheres de formas avantajadas no centro da cena. Na passarela, foram apresentadas coleções das grifes Catarina Park, Mania Brasil, Majotex, Angie Fashion, Vut’s e GG Sexy Lingerie.
Jeff Benício, um dos idealizadores do evento, explica que o Mulheres Reais Fashion Show ultrapassa as barreiras do mercado plus size: ?Pela primeira vez, estamos fazendo um mix com meninas magras e gordinhas. Pois a nossa ideia não é fazer apologia à obesidade, nem formar um gueto (de gordinhas). Queremos mostrar a mulher real, do tipo que encontramos nas ruas?.
Na passarela, decotes, cortes sinuosos e tecidos fluidos imprimiram um conceito de valorização da silhueta feminina. Mas os grandes coringas no quesito sensualidade foram, indiscutivelmente, os fios-dentais apresentados na coleção de lingeries da GG Sexy.
A estilista e dona da marca, Solange Barros, conta que criou os primeiros modelos há quatro anos: ?Procurava algo sexy para gordinhas como eu, que uso 50/52. Como só encontrava calcinhas grandes sem graça alguma, resolvi fazer minhas próprias peças?. A ideia deu tão certo que hoje Solange tem uma loja virtual com tiragem de quase 400 conjuntos (de calcinha e sutiã) por mês.
Além do show à parte com as roupas íntimas, o desfile também trouxe vestuários que atendem desde as demandas do dia a dia até requintados trajes de gala.
A grife Catarina Park, representada por Stephane Park, 25, exibiu vestidos de festa para todos os tamanhos. ?Nunca trabalhamos com mulheres ?fake?, somente mulheres reais. Adaptamos nossa modelagem até o tamanho 54 sempre mantendo a fluidez e o conforto?, explica Stephane.
Ao final do evento, os presentes foram agraciados com uma coleção plus size inspirada na literatura de cordel. Estreante no mercado da moda, a estilista Sarah Vutano, 21, idealizadora da marca Vut’s, apresentou peças de alfaiataria, com tecidos naturais, aplicações de madeira, coco e madrepérola.
Por usar manequim 52, Sarah lembra que sempre teve dificuldade para encontrar roupas. Justamente por isso, ela teve um cuidado especial na confecção com o uso de pregas específicas para mulheres com bumbum e seios fartos.
Casting misto: do 36 ao 54
A ideia de Jeff Benício e toda a equipe do Mulheres Reias era inovar com um casting misto que fosse do manequim 36 ao 54. No backstage, as modelos interagiam com as diferenças e com o fato incomum de serem mulheres bem resolvidas com suas formas avantajadas, mignons ou esguias.
A veterana das plus size, Maria Angélica (Keka), 38, já atua nesse segmento da moda há quase sete anos. E conta que começou por acaso: ?Estava em uma loja quando a dona me convidou para fazer desfiles. Daí por diante, foram rolando outros convites. Tanto é que estou no mercado até hoje?. Keka, que usa maquequim 50, é fonoaudióloga e concilia as duas carreiras. ?Não dá para viver com cachê de plus size. Mas o realce na autoestima é tão grande que compensa?, diz.
 
