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14 dez 2012

Incêndio em Bangladesh expõe riscos do setor têxtil mundial

Na última semana de outubro, um fornecedor da rede Wal-Mart encomendou da fabricante de roupas Simco Bangladesh Ltd. a produção de 300.000 shorts para meninas, para despachar no início de dezembro, segundo um alto executivo da Simco.

Muitas grandes marcas mundiais vêm buscando Bangladesh como local de produção de baixo custo, e a Wal-Mart se tornou a maior compradora do país, adquirindo mais de US$ 1 bilhão em roupas por ano, segundo a Associação de Fabricantes e Exportadores de Vestuário de Bangladesh.

O que aconteceu com a encomenda de shorts da Wal-Mart ilustra as armadilhas para quem faz negócios no país. Enfrentando uma capacidade de produção limitada, a Simco subcontratou o trabalho para outra empresa, sem a autorização da Wal-Mart, disse o executivo da Simco. A Wal-Mart, que afirmou que tem regras rígidas para as fábricas que produzem suas encomendas, não quis responder perguntas específicas sobre a encomenda de shorts.

Quando a fábrica subcontratada, que também estava produzindo roupas para a a rede americana de varejo Sears Holdings Corp., a europeia C&A e outras empresas, pegou fogo no final de novembro, matando 112 operários, o incêndio revelou até que ponto alguns fabricantes de Bangladesh estão dispostos a transgredir as regras para executar um pedido – e também a crescente tensão e deterioração das relações de trabalho numa indústria que é uma tábua de salvação para a economia de Bangladesh.

A indústria do vestuário representa 80% das exportações deste país pobre do sul da Ásia e é uma das razões pela qual a economia local tem melhorado. No ano passado, Bangladesh exportou US$ 19 bilhões em roupas, perdendo apenas para a China, dobrando suas vendas para o exterior em relação a cinco anos atrás.

Os investigadores ainda estão examinando a causa do incêndio e estudando relatórios que dizem que os trabalhadores ficaram presos na fábrica porque os gerentes trancaram as portas, para impedir que os funcionários roubassem artigos. A associação da indústria do vestuário comunicou que a maioria das fábricas de roupas atende às normas de segurança contra incêndios. Os varejistas estrangeiros dizem que também têm feito esforços para melhorar a segurança.

Mas o rescaldo do incêndio renovou a atenção sobre as condições de trabalho do setor e expôs as falhas nos esforços dos varejistas para examinar as práticas de segurança das fábricas. O incêndio também aumentou a insatisfação entre os operários: segunda-feira, cerca de 10.000 pessoas entraram em confronto com a polícia, obrigando o fechamento de 50 fábricas.

O incêndio ocorreu em uma fábrica em Ashulia, uma zona industrial ao norte de Daca, a capital de Bangladesh. A maneira como essa fábrica passou a fazer roupas para a Wal-Mart em nome da Simco mostra bem como o setor funciona. E o problema também aconteceu, notou o executivo da Simco, quando havia um volume esmagador de encomendas e prazos apertados.

Em Ashulia, os operários, que geralmente entram no setor ganhando o salário mínimo oficial de US$ 37 por mês, têm feito cada vez mais greves por maiores salários e melhores condições.

Os donos das fábricas reagiram impedindo os operários de entrarem, por dias a fio. A políc