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14 set 2012

Descasamento entre indústria e varejo deve persistir, diz consultoria

SÃO PAULO – Mesmo com as medidas do governo para impulsionar a indústria, o descasamento entre a produção industrial e as vendas no varejo persiste e, segundo avaliação de Luiz Goes, sócio da GS&MD ? Gouvêa de Souza, mudanças não devem ser vistas ao menos nos próximos dois anos. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que enquanto as vendas do varejo ampliado (que incluem automóveis e materiais de construção) cresceram 7,5% nos sete primeiros meses deste ano, frente ao mesmo período de 2011, a produção industrial recuou 3,7% na mesma base de comparação.

Nem os setores beneficiados pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) escaparam do descompasso. De janeiro a julho as vendas de automóveis avançaram 5% em relação ao mesmo período do ano passado, mas a fabricação de veículos caiu 17,15% no período. Ao mesmo tempo, a comercialização de móveis e eletrodomésticos aumentou 13,9% na mesma base de comparação, enquanto a produção de mobiliário cresceu apenas 1,54%; e a fabricação da linha marrom e de outros eletrodomésticos, excluindo linha branca, caiu 0,28% e 7,46%, respectivamente. Apenas a produção de fogões, geladeiras e máquinas de lavar apresentou desempenho próximo ao das vendas, ao crescer 11,7%.

?Para que essa diferença entre indústria e varejo diminua, além de ser necessário um aprimoramento na produtividade e na competividade das empresas o cenário mundial precisa melhorar?, afirma Goes. Ele explica que a indústria brasileira continua sendo muito penalizada pela queda nas exportações, e alguns setores ainda enfrentam a forte concorrência dos importados, como os de materiais de construção, tecidos, vestuário e calçados. As vendas de materiais de construção acumularam alta de 8,7% nos sete primeiros meses de 2012, frente ao mesmo período de 2011, embora a produção de insumos típicos da construção civil tenha aumentado apenas 2,39% neste intervalo. O crescimento nas vendas de tecidos, vestuário e calçados foi modesto neste período (1,8%), mas tal comportamento adquire relevância quando comparado com a produção desses produtos, que encolheu de janeiro a julho deste ano. Na comparação com o mesmo período de 2011, a fabricação de vestuário e acessórios diminuiu 12,04% e a de calçados e artigos de couro baixou 4,41%.

Para Goes, não há no horizonte sinalizações de mudanças neste panorama. O comércio, segundo ele, deve continuar sendo impulsionado pelo momento favorável do mercado de trabalho, com o aumento da renda garantindo condições de compra à população mesmo diante do alto endividamento das famílias. A indústria, entretanto, ressalta o executivo, ainda não conta com meios que lhe permitam ganho significativo de competitividade. ?A redução no custo da energia elétrica vai ajudar o setor, mas somente isso não será suficiente para permitir um salto de competitividade. Investimentos terão de ser feitos nos próximos meses.?

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