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6 set 2012

Demanda fraca reduz índice de confiança dos empresários do varejo

As sucessivas quedas no patamar de confiança dos empresários do comércio este ano refletem a percepção de um ritmo menor na demanda em 2012 em comparação com anos anteriores. Até o momento, as medidas do governo para estimular o consumo beneficiaram mais as empresas de varejo atingidas diretamente pelas isenções fiscais, e não o comércio como um todo, avalia Silvio Sales, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV).

O Índice de Confiança do Comércio (Icom), divulgado pela FGV, registrou queda de 4% no trimestre encerrado em agosto, recuo mais forte do que o apurado no trimestre finalizado em julho (-3,4%). Esse desempenho foi influenciado, segundo Sales, pelo fortalecimento da queda do Índice de Situação Atual (ISA), um dos componentes do Icom, que saiu de -2,3% para -4,1% entre o trimestre finalizado em julho e o trimestre encerrado em agosto. “Houve uma piora na percepção do momento atual, entre os empresários”, explica o analista.

Contribuíram para os saldos negativos no Icom e no ISA quedas mais intensas nos índices de confiança de setores não contemplados diretamente com benefícios fiscais, como em hiper e supermercados (de -1,4% para -4,4%) e de tecidos e de vestuário (de -1,8% para -4,6%), entre o trimestre finalizado em julho e o trimestre até agosto.

No entanto, no segmento de veículos, que teve isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o indicador de confiança saiu de uma queda de 6,4% para um avanço de 7,1%, no mesmo período. “Podemos ver claramente aqui o efeito das medidas do governo”, avalia Sales.

O desempenho do Icom de agosto antecipa o que deve ser apurado na Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de julho, a ser divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana que vem. O varejo ampliado, que engloba veículos, deve mostrar desempenho muito melhor do que o observado no varejo restrito, que não o inclui setor automotivo.

A expectativa dos comerciantes em relação a uma melhora mais robusta na demanda, que seria provocada pelas medidas de estímulo do governo e pela trajetória de redução de juros básicos, acabou sendo frustrada. Para Sales, isso ocorreu porque as famílias já estavam com patamar de endividamento elevado. Além disso, a instabilidade no cenário internacional também não ajudou.

Embora admita uma tendência de desaceleração na demanda do comércio, que opera a ritmo muito mais fraco do que verificado em anos anteriores, o especialista ressaltou que isso não sinaliza trajetória de recuo no consumo, para os próximos meses. O mercado de trabalho continua operando em patamar elevado, o que sustenta o poder aquisitivo do consumidor, via renda do trabalho. Além disso, explica Sales, o consumo das famílias, em anos anteriores, estava em nível muito elevado e insustentável no longo prazo.

“Ao longo deste ano, a confiança dos empresários do comércio tem sido menor do que há um ano. Isso é alinhado ao ritmo da economia, que continua a crescer, mas em ritmo menor do que no ano passado”, diz o analista do Ibre.

Ele lembrou que, no fim de 2011 e no início de 2012, as projeções para a variação do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano oscilavam entre 3,5% a 4%. Atualmente, as estimativas de mercado apostam em alta em