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5 jul 2011

Com estoque alto, indústria têxtil dá férias coletivas

A retração do consumo e a alta dos preços do algodão foram responsáveis por uma queda de 11,61% na produção da indústria têxtil brasileira de janeiro a abril deste ano, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). Com a dificuldade em repassar os preços da matéria-prima para o consumidor final, durante o primeiro trimestre, as empresas passaram a estocar produtos acabados e negociar férias coletivas para ajustar a produção à demanda no semestre. Nesse cenário, muitas decidiram revisar para baixo as previsões de crescimento.


A fabricante de itens de cama, mesa e banho Lepper, de Joinville, sentiu uma queda de 12% nas vendas do primeiro trimestre do ano em comparação com 2010. Segundo Gabriela Loyola, vice-presidente da companhia, havia uma perspectiva de retração nas vendas em virtude do preço do algodão, que chegou a subir 130% no começo do ano, mas, ainda assim, o resultado do período surpreendeu. “Os clientes ainda têm produtos estocados. Mesmo com reajuste das tabelas, agora que o preço da matéria-prima caiu, está difícil fazer a mercadoria rodar”, diz Gabriela.


Além das medidas de contenção da demanda, o endividamento das famílias também prejudica as vendas, avalia a executiva. Para se ajustar à situação, a Lepper concedeu férias de 15 dias a parte dos trabalhadores, para evitar cortes. A empresa também revisou a previsão de crescimento para 2011. A expectativa agora é recuperar os prejuízos no segundo semestre e igualar o resultado de 2010.


A Karsten, de Blumenau, também concedeu férias coletivas para os funcionários para se ajustar à queda de demanda. Segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Têxtil de Blumenau, cerca de 70% dos trabalhadores ficaram parados durante 15 dias. O presidente da companhia, Alvin Rauh Neto, informou que, em função da retração da demanda, a Karsten está ajustando a produção para não aumentar estoques. A Karsten teve prejuízo de R$ 7,1 milhões no primeiro trimestre. Esse desempenho levou a companhia a ajustar em 10% para baixo a previsão para 2011.


O segmento de vestuário sentiu menos impacto do que a indústria de cama, mesa e banho. Segundo a Abit, o segmento teve alta de 0,38% de janeiro a abril deste ano. Para a indústria de confecções Lunender, de Guaramirim, no norte de Santa Catarina, o semestre teve crescimento de 19% no semestre em comparação com o mesmo período de 2010. Segundo Robson Amorim, diretor comercial da empresa, o resultado foi reflexo de ações internas e de ampliação da carteira de clientes.


Amorim diz que há uma preocupação maior com o terceiro trimestre, que pode apresentar desaceleração em função da chegada do frio tardio, que retarda as vendas da coleção de verão. Para ajustar o ritmo de produção às vendas, a Lunender concedeu férias a alguns grupos do setor produtivo em forma escalonada. A empresa também reduziu em 6% o quadro de funcionários em relação ao ano passado para ganhar competitividade. A Lunender tem cerca de 4 mil trabalhadores.


A Hering também concedeu férias de dez dias para 750 dos 3,5 mil trabalhadores das fábricas de Blumenau. Segundo Frederico Oldani, diretor de relações com investidores da companhia, a medida foi tomada para ajustar os ciclos de produção, sem relação com retração de demanda ou alta dos preços do algodão.


 


Fonte: Valor


http://www.valoronline.com.br/impresso/especial/101/450129/com-estoque-alto-industria-textil-da-ferias-coletivas