SÃO PAULO – As famílias brasileiras estão mais preocupadas em poupar, aponta levantamento da consultoria Kantar Worldpanel. Em pesquisa realizada no primeiro semestre deste ano com 1.250 domicílios das regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio, 72% dos entrevistados disseram que pretendem economizar. Em 2008, esse percentual era de apenas 29%.

A metade dos entrevistados espera poupar apenas 10% da renda. Eles planejam usar suas economias principalmente como reservas para o futuro. Em seguida, para reformas e melhorias na casa e compra de casa própria. 

Apesar disso, de acordo com o estudo, 56% dos paulistanos e cariocas estavam pagando alguma dívida no primeiro semestre deste ano, e 45% planejavam contrair novos débitos em 2013, mais do que os 42% que pretendiam se endividar em 2008.

A pesquisa ConsumerWatch é realizada em 8 mil lares nas 15 principais cidades da América Latina. Comparados com os moradores dos outros países da região pesquisada, os brasileiros são os mais otimistas: 97% esperam que sua situação seja melhor em 2013, enquanto esse percentual era de 83% em relação a 2012.

Consumo de bens não duráveis cai

No primeiro semestre do ano, o consumo de bens não duráveis no Brasil diminuiu 2% em unidades e aumentou apenas  5% em valor na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com estudo da Kantar Worldpanel. A pesquisa abrange 65 categorias de produtos.

Em todo o ano passado, o consumo cresceu 1% em unidades e 10% em valor. Essa desaceleração é explicada, em parte, pelo alto nível de endividamento do brasileiro e também pela sofisticação do consumo, segundo Christine Pereira, diretora comercial da Kantar. ?O brasileiro conquistou novas categorias e está gastando com outras coisas, sofisticando o consumo?, avaliou.

Em 2011, 27% das famílias estavam gastando mais do que ganhavam, de acordo com a pesquisa. Os gastos aumentaram ao passo que a renda cresceu.

?Devido ao endividamento, o brasileiro precisa planejar melhor agora. O emprego e a renda aumentaram e, portanto, cresceu o acesso a diversos bens. Ele tem mais contas, mas é o mesmo bolso. Por isso, tem que começar a priorizar e planejar?, diz Christine Pereira, diretora comercial da Kantar.

Um exemplo é o fato de o brasileiro estar diminuindo a frequência de compra. ?Está havendo maior planejamento das idas ao ponto de venda para não gastar o que não pode?, afirma a diretora. A classe C foi a que mais reduziu as idas ao varejo.

?Novas prioridades estão disputando o bolso do consumidor?, diz Christine. Em 2011, os gastos com habitação foram os que mais cresceram (15%), seguidos por lazer (14%), transporte (11%) e vestuário (10%).

A pesquisa é feita a partir de visitas mensais a 8,2 mil lares brasileiros. De acordo com a Kantar, a amostra representa 90% do potencial de consumo do país.