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22 maio 2012

As roupas despojadas de um imperador

Kate Middleton, a Duquesa de Cambridge, pode até se achar na vanguarda por se vestir como uma típica moça britânica de classe média alta. Mas parecer uma “girl next door” não é exatamente uma ideia original. Nos idos do século XIX, Pedro de Alcântara (1825-1891), o Dom Pedro II, já gostava de se passar por cidadão comum, resistindo a adotar os trajes obrigatórios a reis e imperadores, mesmo em viagens internacionais em que representava o Brasil.


Ele se vestia como típico homem vitoriano, com a austeridade de uma casaca preta e de uma cartola. Preferia passar a imagem de “imperador-cidadão”, no lugar de usar a roupa como ferramenta de poder. A maneira peculiar com que o monarca se apresentava é o ponto de partida do livro “Dom Pedro II e a Moda Masculina na Época Vitoriana”, de Marcelo de Araujo.


Além de explorar nuances da personalidade do imperador, o livro se aprofunda na linguagem da vestimenta masculina e sua relação com as mudanças sociais na virada para o século XX. “Sempre me interessei pela história da indumentária do final do século XIX e início do XX”, diz Araujo, filósofo, doutor pela Universidade de Konstanz (Alemanha) e professor das Universidades do Estado e Federal do Rio de Janeiro.


Foi pesquisando sobre a casa de alfaiataria inglesa Henry Poole que Araujo descobriu registros da passagem do imperador. “No final do século XIX, a Henry Poole foi eleita a alfaiataria oficial de Dom Pedro II. A casa ainda guarda os registros com as suas medidas”, conta Araujo, que começou aí a se aprofundar no estudo da imagem do imperador. Em contato com a Henry Poole, o escritor descobriu uma encomenda de nove trajes, feita em 1871. Nenhum deles obedecia ao “dress code” de um monarca. “Eram roupas de um homem comum.”


Dom Pedro II tinha reservas com a monarquia e vestia-se como um republicano. “Ao longo da vida, Dom Pedro deu mostras de nutrir profunda simpatia pelo regime republicano”, conta o livro. Quando viajava, queria permanecer incógnito. Nos EUA, foi comparado a um homem de negócios, tal a despretensão dos trajes. Preferia se resguardar na companhia de livros e de revistas científicas a cumprir as obrigações como chefe de Estado.


“As festas e as ocasiões sole