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1 jun 2012

‘A moda como conhecemos não existe mais’, diz estilista que desfila na SPFW

Ronaldo Fraga é quase um poeta. Quem frequenta a São Paulo Fashion Week, evento que acontece entre os dias 11 e 16 de junho, na Bienal do Ibirapuera, pode até nem ter uma peça de roupa do estilista mineiro, mas não fica incólume a seus desfiles. Ora ele traz trabalhadores chineses para protestar ora escreve poemas pelos looks. Isso quando não chama cantores ou leva elementos da tradição judaica para a sala do evento. Tudo depende da tese que ele quer defender. A surpresa foi ele ter pulado a edição passada da SPFW e comentado que a moda estava em xeque. Em nenhum momento disse que abandonaria esse tipo de show, iria se dedicar a outros projetos. E voltaria. Voltou mesmo: seu desfile será no dia 12, às 20h30. Ele falou, com exclusividade, ao E+.


Você disse que ia pular uma edição da SPFW, mas na carta que enviou à imprensa disse que “a moda acabou”. O que quis dizer exatamente com isso?


Na verdade, fiz uma pergunta que foi recebida como afirmação; e como vivemos em uma época na qual se lê somente as manchetes, não leram o meu texto, e esta colocação virou verdade absoluta (ri). Acho, sim, que a moda como conhecíamos e fazíamos não existe mais; e não deve existir neste mundo que nos cobra novas funções para as velhas coisas. E, principalmente, por tratar-se de um vetor – documento do tempo vivido, pergunto-me o tempo todo que tempo é esse. 


Como ficou sua relação com Paulo Borges (diretor criativo da Luminosidade, que comanda a São Paulo Fashion Week) e com os colegas depois de sua declaração?


O Paulo respeitou meu ponto de vista, concordando ou não, e os colegas que sentem e buscam novas possibilidades e caminhos para o ofício também. Já os que consideram que moda significa só roupa e desfile provavelmente acharam que era “piracema” minha.