Topo
Sindivestuário / Matérias  / A crise do setor têxtil e do vestuário brasileiro
4 fev 2013

A crise do setor têxtil e do vestuário brasileiro

Por: Ronald Masijah

A indústria têxtil e do vestuário está no meio de uma crise sem precedentes. O ano de 2012 foi o pior das duas últimas décadas. Essa indústria é extremamente competente da porta para dentro, mas totalmente ineficiente da porta para fora. Isto quer dizer: somos hoje considerados lançadores de moda e temos um parque industrial moderno e eficiente, mas quando esbarramos no Custo Brasil, com quase 42% de carga tributária, toda esta competência se esvai.

O setor não consegue competir de forma isonômica com os produtos importados, mormente da China. Nossa carga tributária é tão mais elevada, os encargos sociais tão desproporcionais em relação a eles e o retorno deste imposto tão pífio que o Brasil pode produzir produtos maravilhosos, mas a questão preço é inviável. Quando falei retorno pífio, vou dar somente três exemplos: pagamos impostos para saúde pública, obrigação do governo, mas ela inexiste, obrigando a empresa a fornecer um convênio médico, custo este que logicamente precisa ser repassado ao preço do produto, portanto bi-tributação nos preços. Pagamos imposto para educação, obrigação do governo, mas as empresas são obrigadas a admitir em seu quadro de colaboradores menores aprendizes. Obviamente o custo desses salários também está computado no produto, de novo bi-tributação. Da mesma maneira, a empresa precisa fornecer vale transporte, mas transporte público deveria ser garantido pelo governo. Enfim, toda essa tributação de impostos faz com que os produtos importados, que não têm nada disso, cheguem muito mais baratos.




Além disso, devido às crises econômicas mundiais de 2008 e de hoje, a China (maior exportador de têxteis), viu seu mercado Americano e Europeu diminuir. Com isso, saíram em busca de mercados novos e promissores, e encontrou o Brasil. A China é muito mais que uma ameaça à Indústria Brasileira. É seu algoz. O governo Chinês, que só tem um partido político, toma decisões importantes em benefício de suas indústrias de uma forma imediata. Enquanto isto, nas terras de Cabral, o governo segue a cartilha de Rodin (O Pensador). Está sempre pensando, analisando e nunca agindo. Quando toma alguma medida para ajudar, a medida é pequena e tardia, quando a indústria já sangrou muito. E não temos somente a China como concorrente. Contamos também com os “sacoleiros de Miami”, afinal, o que entra de mercadoria de confecção por este meio já é quase tão grande quanto a importação oficial. O que o governo não enxerga é que este tipo de “importação” não gera imposto industrial. Cegueira total.

O mercado de underwear também não foge à regra. Muitas empresas já desistiram de confeccionar aqui, nem que seja uma parte de sua produção, além de cadeias de lojas de underwear vendendo produtos importados a preços inviáveis para a indústria nacional. Contudo, ainda se produz lingerie no Brasil, até porque, das 8 mil empresas produtoras no País, 85% são de micro e pequenas empresas, que teriam muita dificuldade de importar. Atingir bom preço final, então, é quase impossível e a prova disto é que as grandes organizações de varejo, que antes se abasteciam destas indústrias, hoje importam grande parte dos produtos que são vendidos. E essa importação só tende a aumentar, visto que estamos em um fortíssimo viés de alta. Só para se ter uma ideia, no setor de vestuário como um todo, a importação de produtos aumentou 430%, sim é isto mesmo que você leu, 430% de 2007 para cá!

A China também já possui características como qualidade e produz para as grandes grifes Europeias. O que acontece é o seguinte: na China você pode comprar de fábricas que confeccionam para grifes ou de fábricas que produzem produto popular, até o nível de camelô. Basta saber que produto você quer. Como os importadores estão visando “margens maiores?, aca