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20 set 2011

Pragmatismo toma conta da passarela

A Mercedes-Benz Fashion Week, que terminou ontem em Nova York, pode ser comparada a um frozen yogurt: é bom, satisfaz, mas não é como um sorvete de verdade e não dá vontade de repetir. Traduzindo para a linguagem fashion isso significa coleções eficientes e vendáveis, mas não memoráveis. Podem culpar a crise ou o aniversário de dez anos dos atentados às Torres Gêmeas, que deixaria o clima avesso a demonstrações de euforia. Mas pode ter sido o acaso – na moda, as razões para esta ou aquela mudança de rumo nunca são muito claras. O fato é que a expectativa se confirmou: o clássico está em alta e deu o tom de coleções belas e corretas para a primavera 2012. Talvez, corretas demais.


Ao longo da semana, a Mercedes-Benz Fashion Week trouxe pouca ousadia e muitos recursos conhecidos. A vontade coletiva do momento parece ser a de deixar a mulher bonita, acima de tudo. Parecia haver um acordo silencioso entre os estilistas, para criar coleções à prova de erro. Se isso significa investir em saias retas, vestidos-tubo e pantalonas, tudo bem. Se para isso for preciso criar em cima das velhas e boas estampas florais e geométricas, ainda tudo bem. Só não dá para garantir que a consumidora realmente vai notar que o tempo passou e há uma nova estação se aproximando.


A feminilidade foi uma constante em várias passarelas. Agradou a crítica quem fez uma releitura da roupa feminina de outras épocas, caracterizada pela cintura marcada, os tecidos nobres e as estampas clássicas (ora geométricas, ora florais). Sem correrem nenhum risco, várias coleções mostraram roupas prontinhas para pular das passarelas para as araras das lojas. É o caso da coleção de Carolina Herrera. As criações da estilista vestem uma mulher de sensualidade contida e que nunca trocaria o certo pelo duvidoso. Para o dia, essa mulher opta pelo tubo preto e branco, com cintinho vermelho – parceria testada e aprovada. Para a noite, vai de longo prateado e de um ombro só. A estilista se permitiu alguma ousadia nas calças, bem folgadas e mais curtas que o tradicional.


Os anos 20 deram o tom do desfile da grife Philosophy, a segunda linha da Alberta Ferretti. O clima não poderia ser mais retrô: vestidos-camisolas com textura de cetim, adornados com rendas, babados e bordados. Como estampas, florais românticos. Ralph Lauren seguiu na mesma linha.


A grife Milly by Michelle Smith pegou mais forte nos tons e nas estampas. Há conjuntos inteiros estampados, há desenhos com “color block” (blocos de cores que não se misturam) e há peças lisas. Cintura marcada, lenço no pescoço e óculos de grau deixaram as modelos com um ligeiro ar colegial.



Tubo preto e branco com cinto vermelho, de Carolina Herrera: testado e aprovado


O azul Klein (em homenagem ao artista francês Yves Klein) foi o tom que permeou boa parte das coleções. O laranja vibrante também surgiu em estampas (gráficas, sempre) ou em tecidos lisos, transformados em vestidos acinturados. A pitada “marginal” fica por conta da mistura de estampas.


O recurso de “color block” também foi usado por Marc Jacobs, em sua linha mais barata, a Marc. A cor sobressaiu-se na coleção, feita de peças de modelagens conhecidas e ar esportivo. Algumas peças listradas e floridas quebraram a quase totalidade de roupas lisas.


Sem apelar para o romantismo, a DKNY foi uma das que preferiram pensar num verão urbano e prático. A coleção é pródiga na alfaiataria, com vesti