Levantamento divulgado nesta semana revela que setor perdeu 34 companhias e cortou 2,6 mil vagas de emprego em cinco cidades, entre 2015 e 2016; economista analisa mudanças e faz projeções.
Polo têxtil da região de Americana (SP) encerrou 2016 com redução de unidades produtoras e cortes em postos de trabalho, segundo levantamento divulgado nesta semana pelos sindicatos que representa as companhias do setor, Sinditêxtil e Sindivestuário. Os dados incluem, além de Americana, números de Hortolândia (SP), Nova Odessa (SP), Santa Bárbara d’Oeste (SP) e Sumaré.
A pesquisa mostra que a região perdeu 2,6 mil vagas de emprego no comparativo com o ano anterior e o número de empregados chegou a 39,7 mil – diminuição de 6,1%. O número foi influenciado pelo fechamento de 34 unidades produtoras – foi de 574 para 540 – baixa de 5,9%.
Os dados revelam ainda que, em quatro anos, o total de oportunidades caiu 16,5%, enquanto o total de fábricas foi reduzido em 17,8% no polo avaliado. Veja gráficos.
Vagas de trabalho no polo têxtil de Americana
Unidades produtoras no polo têxtil de Americana
Têxteis
- Fios e linhas de costura – 71,5 mil toneladas
- Tecidos – 259,1 mil toneladas
- Malhas – 7,5 mil toneladas
Confecções
- Linha lar – 44,1 milhões
- Vestuário – 30,9 milhões
Valor da produção
- Manufaturas têxteis – R$ 4,8 bilhões
- Confeccionados – R$ 1,7 bilhão
No comparativo com 2015, a produção têxtil aumentou, enquanto houve baixa em confecções.
Produção têxtil – quantidade/valor
- 2015: 272,4 mil toneladas / R$ 4,5 bilhões
- 2016: 279, 4 mil toneladas / R$ 4,8 bilhões
Confecção – quantidade/valor
- 2015: 82,6 milhões de peças / R$ 1,78 bilhão
- 2016: 75,1 milhões de peças / R$ 1,7 bilhão
Análise
O economista Roberto Brito de Carvalho explica que os números da pesquisa refletem o período de agravamento da crise econômica nacional. “As empresas tiveram de se reorganizar, reestruturar, algumas quebraram, deixaram o mercado, e parte dos postos de trabalho foram eliminados.”
Segundo o professor da PUC-Campinas, as companhias que permaneceram no mercado tiveram de eliminar desperdícios e buscar pela substituição de tecnologias com objetivo de alcançar maior eficiência econômica, o que explica a alta no faturamento com a produção do setor têxtil.
“Isso pode explicar alta do valor agregado, apesar da redução na quantidade entregue. Com a saída de algumas empresas, houve redução de ‘players’ no mercado, e as que ficaram podem cobrar mais, uma vez que a concorrência diminuiu, e há possibilidade de maior valor.”
O economista avalia que os números de 2017 devem refletir tendências idênticas, e só vê possibilidade de melhora a partir deste ano, mas discreta. Ele diz que a quantidade de postos de trabalho não deve ser retomada integralmente, ainda que o quadro econômico seja favorável. “Em alguns casos há uma nova estrutura produtiva. Se houve melhora ano passado, foi inexpressiva.”