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24 jul 2012

O primeiro grande leilão vintage do país

Celebridades não faltam. Há Jackie antes de ser Kennedy ou Onassis. Karl Lagerfeld, um dos papas da moda contemporânea, num autorretrato feito na época em que ainda não usava os óculos escuros que, como uma máscara, passaram a encobrir seu rosto. Luiza Brunet, jovem e seminua, clicada por Bruce Weber, também marca presença. Essas são apenas algumas entre as 40 fotos que serão expostas e leiloadas em São Paulo, no mês que vem, durante o primeiro leilão de fotografia vintage feito no país. A iniciativa é da Childhood Brasil, organização que há 13 anos se dedica a combater o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. A curadoria ficou a cargo de Pedro Corrêa do Lago, um colecionador de arte e de fotos vintage.

Há ainda Chaplin, Stravinsky, Picasso, Matisse, Mary Quant e Arthur Rubinstein. Mas mais significativas do que as celebridades são as fotos de grandes mestres como Man Ray, Henri Cartier-Bresson, André Kertész, Richard Avedon e Robert Doisneau. Entre os brasileiros estão Marc Ferrez, Jean Manzon e Thomaz Farkas. As fotografias foram recolhidas entre colecionadores daqui e de fora que, como sempre, não querem revelar seu nome. Eles receberão entre 40% e 50% do valor arrecadado, disponibilizando o restante para a organização filantrópica.

“Tentei fazer um panorama representativo do melhor que temos da fotografia dos séculos XIX e XX. Claro que com 40 fotos não é possível um painel completo e faltam nomes importantes. Mas não vamos falar dos ausentes para não sentir sua falta”, diz Corrêa do Lago, que prefere citar algumas preciosidades, como a foto tirada pelo escritor Lewis Carroll, em 1873, que retrata uma menina chinesa, filha de um professor de Oxford. Pouca gente sabe que o autor de “Alice no País das Maravilhas” fazia incursões pela fotografia e que muitas dessas fotos estão em museus. A que será leiloada aqui veio de fora, tem o formato de um cartão postal, mas por sua raridade terá como lance mínimo R$ 70 mil.

As mais baratas partem de R$ 15 mil e a mais cara é a de Man Ray (lances a partir de R$ 90 mil). Trata-se de uma foto da Rue Sade, feita durante umas férias que o artista passou em Antibes, no sul da França, em 1937. No verso, a imagem é intitulada “Antibes-37”, assinada e datada. As tiragens originais dessa foto são escassas. Apenas uma, em formato postal, foi oferecida em leilão nos últimos 20 anos. Outra cópia, um pouco maior, do tamanho da que será leiloada em São Paulo, está no acervo do Centro Georges Pompidou, em Paris.

Corrêa do Lago acredita que o leilão servirá para clarificar por aqui a noção do que é uma tiragem vintage, algo que já é bastante difundido fora do Brasil. Segundo esses preceitos, além da qualidade e conservação, a foto precisa ter sido revelada pelo fotógrafo na época em que foi realizada ou, no caso de profissionais que não revelavam as imagens como Cartier-Bresson, aprovada por ele. Para colecionadores é desejável que tenham sido feitos no máximo 50 exemplares – já que os negativos permitem reproduções ilimitadas, que podem ser feitas até postumamente desde que a família autorize. Essas tiragens comerciais, na opinião de especialistas, não são muito mais do que posters. São decorativas, bonitas, mas não têm o valor do vintage.

No Brasil, o mercado de compradores de fotografia ainda está em formação. Começou nos últimos 20 anos, tem crescido gradualmente, mas, por enquanto, é mais voltado para fotos contemporâneas. Isso ten