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12 ago 2011

O imperativo manufatureiro

Nós podemos estar vivendo numa era pós-industrial, em que as tecnologias da informação, biotecnologia e serviços de alto valor tornaram-se motores de crescimento econômico. Mas os países correm riscos quando ignoram a saúde de sua indústria de transformação.


Serviços de alta tecnologia exigem capacitação especializada e criam poucos empregos, por isso sua contribuição para o emprego agregado tende a permanecer limitada. A indústria de transformação, por outro lado, pode absorver um grande número de trabalhadores com capacitação moderada, proporcionando-lhes empregos estáveis e bons benefícios. Para a maioria dos países, portanto, o setor de manufatura continua sendo uma poderosa fonte de emprego bem remunerado.


De fato, o setor manufatureiro é também onde as classes médias do mundo tomam forma e crescem. Sem uma base manufatureira vibrante, as sociedades tendem a se dividir entre ricos e pobres – aqueles que têm acesso a empregos estáveis e bem remunerados, e aqueles cujos empregos são menos seguros e cujas vidas são mais precárias. O setor de manufatura pode vir a ser central para o vigor da democracia de uma nação.


Os EUA sofreram desindustrialização incessante nas últimas décadas, em parte devido à concorrência mundial e em parte devido a mudanças tecnológicas. Desde 1990, a participação do emprego em manufatura caiu quase cinco pontos percentuais. Isso não teria sido, necessariamente, negativo, se a produtividade do trabalho (e os lucros) não fossem substancialmente mais elevados na indústria de transformação do que no resto da economia – de fato, 75% maior.


A maior parte dos novos postos de trabalho surgiu em “serviços pessoais e sociais”, onde encontram-se os empregos menos produtivos na economia. Essa migração dos empregos para níveis inferiores na escada produtividade, eliminou 0,3 ponto percentual do crescimento da produtividade americana em cada ano desde 1990 – ou cerca de um sexto do avanço real nesse período. A crescente proporção da mão de obra de baixa produtividade também tem contribuído para crescente desigualdade na sociedade americana.


À medida que as economias tornam-se mais ricas, a manufatura torna-se menos importante. Mas se isso acontece mais depressa do que os trabalhadores possam adquirir competências avançadas, o resultado pode ser um perigoso desequilíbrio.


A perda de empregos no setor de manufatura nos EUA acelerou após 2000, sendo a concorrência mundial a provável culpada. Como mostrou Maggie McMillan, do International Food Policy Research Institute, existe – entre a China e os EUA – uma peculiar correlação negativa nas variações do emprego para todos os diferentes setores da indústria de transformação. Onde a China mais cresceu, os EUA perderam o maior número de postos de trabalho. Nos poucos setores chineses que registraram contração, nos EUA, cresceu.