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24 abr 2012

Indústria reduz estoques, mas ajuste ainda não terminou

Passo fundamental para que a indústria volte a crescer com mais força, o processo de redução de estoques se arrasta desde o segundo semestre do ano passado, e ainda não está claro se chegou ao fim. Números da Fundação Getulio Vargas (FGV) indicam que a maior parte dos 14 setores da indústria de transformação pesquisados terminou março com estoques ajustados, uma situação que vem desde janeiro – têxteis, produtos farmacêuticos e veterinários e mobiliário são as principais exceções.


Já a sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI) retrata uma indústria ainda muito estocada – de 28 setores da indústria de transformação, 17 ainda mostravam estoques acima do planejado em fevereiro, apenas 2 a menos do que os 19 nesta situação em janeiro. Para completar, os inventários do setor automobilístico – que têm dados quantitativos – voltaram a subir em março.


O coordenador de sondagens conjunturais da FGV, Aloisio Campelo, acredita que os estoques não são mais obstáculo à melhora da confiança dos empresários e, por tabela, da recuperação da produção da indústria. Segundo ele, a redução dos inventários tem contribuído para o maior otimismo no setor, havendo uma grande correlação inversa entre estoques e nível de confiança


(ver gráfico abaixo)


– quando há acúmulo de inventários indesejados, a confiança cai, e vice-versa. Para Campelo, a melhora da confiança tem sido modesta, porque a demanda externa segue se enfraquecendo, ao mesmo tempo que a demanda interna se recuperou apenas moderadamente.


Em setembro de 2011, o nível de empresas que relatavam estoques excessivos na indústria de transformação era de 10,2%, enquanto 2,2% tinham inventários insuficientes. No terceiro trimestre, vários setores estavam bastante estocados, como metalurgia, material de transporte (onde se encontra o setor de veículos automotores), têxtil, calçados, vestuário, produtos alimentares, produtos de matérias plásticas e celulose e papel.


Naquele momento, a demanda teve uma desaceleração expressiva, ficando abaixo das estimativas dos empresários. O consumo das famílias recuou 0,1% sobre o trimestre anterior, feito o ajuste sazonal, enquanto o investimento caiu 0,4%. O efeito defasado do ciclo de alta dos juros iniciado em janeiro e das medidas de restrição ao crédito adotadas desde o fim de 2010 segurou a atividade econômica, que também sentiu o impacto da deterioração do cenário externo, com incerteza crescente sobre o futuro da zona do euro. Para Campelo, além da demanda mais fraca, a forte concorrência dos produtos importados roubou espaço da produção local, colaborando para a formação de estoques excessivos.


Com isso, as empresas desaceleraram a produção, para escoar os produtos em excesso. Pela sondagem da FGV, o quadro já está bem mais ajustado desde o começo deste