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12 ago 2011

Hipermercados aprimoram a área têxtil para vender mais

são paulo – A venda de vestuário no setor supermercadista passa por aprimoramento e cresce entre 15% e 20% ao ano no Brasil, seguindo um modelo comum nos Estados Unidos e na Europa.

As maiores redes de hipermercado no País, Extra, Walmart e Carrefour, mantêm equipes exclusivas para pesquisar tendências de moda e desenvolver coleções que levam marca própria. O Grupo Pão de Açúcar (GPA) espera que a atividade comercial da área têxtil do Extra cresça 25% no próximo Dia dos Pais. A companhia não revela números de faturamento ou quantidade de peças comercializadas, mas afirma que o crescimento anual tem sido de 20%. Com a marca Cast, a rede trabalha com seis linhas de roupas – quatro para adulto e duas para bebê e criança.

Nos bastidores da seção de moda, a gerente de Desenvolvimento Têxtil, Andrea Gouvea, coordena uma equipe de 33 pessoas, entre as quais estão estilistas, pesquisadores e afins. “Muitas vezes a gente começa a trabalhar as coleções com um ano de antecedência”, disse ela. “Observamos os mercados, principalmente o europeu”, acrescenta. Os profissionais do Extra lançam três coleções anuais e uma “minicoleção” a cada quinze dias. O hipermercado trabalha com fornecedores exclusivos que fabricam as peças sob encomenda. “A gente passa o direcionamento a eles, com o perfil dos nossos clientes”, explicou Andrea. “Atendemos por estilo e ocasião. É um tipo de moda que abrange um público maior.”

A comercialização de roupas nas gôndolas de hipermercado é um “acontecimento antigo” nos EUA e na Europa, segundo o analista Igor Paparoto, especializado no varejo de vestuário. “A ambientação do Walmart norte-americano, por exemplo, é muito melhor que a nossa”, afirmou. O diretor Comercial do Walmart brasileiro, Cesar Roxo, concorda: “Em mercados mais maduros, como os EUA, a venda [de peças] é de três a quatro vezes maior”.

O Walmart Brasil também não divulga faturamento ou volume de vendas, mas projeta crescimento anual de 10% a 15% do comércio de roupas, como tem sido o ritmo dos últimos dois anos. A companhia ostenta cinco selos próprios e mantém cerca de 60 profissionais na área de pesquisa e desenvolvimento de moda. “A rede não fabrica os itens, mas compra sob encomenda de confeccionistas nacionais. Também trabalhamos com importação direta de produtos exclusivos”, disse o diretor da área têxtil, João Marcelo Meyer. De acordo com ele, a matéria-prima dos produtos é brasileira (algodão) e importada (tecidos sintéticos).

O hipermercado com menos informações disponíveis sobre a venda de vestuário é o Carrefour. Sabe-se que a companhia dispõe da linha Tex, exclusividade que representa 80% das roupas comercializadas pela rede. Além disso, trabalha com marcas conhecidas no mercado de moda, tais quais os selos Triffil, Lupo e Del Rio. O departamento de moda do Carrefour tem uma equipe de estilistas que lidera a montagem das coleções periódicas. Os profissionais fazem pesquisas internacionais para identificar tendências e desenvolver o próprio portfólio de produtos – o atual é composto por aproximadamente 1.500 itens. Contudo, a companhia não divulga números passados, metas ou projeções.

Varejo tradicional

Os hipermercados brasileiros vão aprimorar continuamente as gôndolas de vestuário, alcançando -e talvez até superando- em qualidade os estabelecimentos norte-americanos e europeus. Esta é a opinião do dono da consultoria PMV, Igor Paparoto. “Se o pequeno e o médio varejo quiserem competir, terão de fugir do básico, compor um mix de produtos bem trabalhado, oferecer composições bacanas e ter várias pontas de preço”, disse ele.

Na análise do especialista, os hipermercados “brigam” pelos consumidores de classe C e D, oferecendo ao cliente roupas, em média, 10% mais baratas que as ofertadas pelas lojas de vestuário convencionais. “A orientação dos hipermercados é atender ao público de baixa renda. Nessas redes, há profusão de produtos básicos”, afirmou Paparoto. Para ele, a área têxtil melhorou “muito” no setor supermercadista ao longo de quatro