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22 jun 2011

Fábricas da China começam agora a exportar inflação

Durante mais de uma década a partir do início dos anos 90, a inflação dos Estados Unidos caiu enquanto trabalhadores baratos da China e outros países em desenvolvimento entravam na economia mundial e produziam uma avalanche de produtos baratos que tomou conta dos EUA.


A tendência fez o consumidor americano achar que melhorou de vida, pois ela restringiu a alta dos preços ao consumidor e permitiu que o Federal Reserve, o banco central americano, impulsionasse a economia com juros baixos.


Agora parece que essa era acabou. O preço dos produtos importados está subindo e se tornando uma fonte de pressão inflacionária. Uma variedade ampla de produtos comuns feitos no exterior, de sapatos a autopeças, tem chegado aos portos americanos com preço um pouco mais salgado.


Os preços de importados nos EUA, sem contar o petróleo, subiram 8% nos últimos dois anos, uma mudança histórica em relação ao declínio das duas últimas décadas.


A nova tendência é parte de uma mudança maior que está transformando a economia americana e seu lugar no mundo, com os benefícios e desvantagens correspondentes.


O câmbio tem seu papel. Há muito que Washington pressiona a China a deixar o yuan se valorizar e incentivar o consumo interno, duas coisas que o país tem feito até certo ponto. O yuan subiu 28% em relação ao dólar em seis anos. O dólar fraco ajuda os exportadores americanos, mas o yuan forte e o custo maior na China causado pela demanda interna acabam pressionando o preço das coisas que os consumidores americanos querem.


Essas mudanças são especialmente evidentes no vestuário e nos calçados. Os preços do vestuário para o consumidor dos EUA caíram em 13 dos últimos 17 anos, segundo dados do Departamento do Trabalho. Agora varejistas e fabricantes alertam que planejam aumentar o preço de tênis Nike, cuecas Hanes, roupas da Abercrombie & Fitch e da Polo, botas Ugg e outros produtos quando as coleções de outono chegarem às prateleiras.


O principal fator é que o algodão subiu muito, impulsionado, em parte, pela demanda das economias em desenvolvimento. O custo maior da mão de obra nas fábricas chinesas, a alta do custo do transporte e a valorização do yuan também estão pressionando fabricantes e varejistas a reajustar os preços.


O preço do vestuário nos EUA subiu 1% nos 12 meses encerrados em maio. A Associação Americana de Vestuário & Calçados calcula que o preço de seus produtos vai subir de 4% a 6% no segundo semestre frente a um ano antes.


“Acabou a era de assistir ao preço de nossos produtos cair em relação a outros produtos do varejo”, disse o presidente da associação, Kevin Burke.


Assim, o custo do vestuário e de outros produtos importados, em vez de ajudar o Fed a controlar a inflação, como no passado, pode restringir a ação do banco central enquanto ele busca maneiras de impulsionar a lenta recuperação da economia americana depois da bolha.


Os chineses fornecem 78% dos calçados importados para os EUA; 71% das gravatas; 55% das luvas; cerca de 50% dos vestidos e roupas de bebê; e 90% das sandálias, segundo dados do Departamento do Comércio dos EUA.


Num contraste com as décadas em que a migração de trabalhadores chineses do campo para as cidades diminuiu o custo da mão de obra, os trabalhadores do país querem agora salários maiores e empregos melhores.


Eles também estão se tornando um exército de consumidores cujas compras pressionam os preços mundialmente. “Agora posso comprar até as coisas mais caras”, diz Shi Yuhan, uma gerente de telecomunicação de 29 anos no escritório da Internatio