O ambiente não podia ser mais propício para estimular a demanda: na areia da praia, durante um campeonato de surf, camisetas, bermudas e bonés do patrocinador ganham atratividade extra. Para aproveitar o momento, a marca de vestuário esportivo Billabong apostou no comércio virtual móvel e montou uma estrutura com vendedores munidos de tablets e pop up store para oferecer os produtos na Barra da Tijuca, durante a etapa brasileira do circuito mundial de surf no Rio de Janeiro.
A ação ilustra bem o conceito ‘omni channel’, que defende a integração total de canais e processos como logística, armazenamento e atendimento para permitir ao cliente escolher onde, como e por qual meio realizar suas compras. No caso da Billabong, o suporte é a plataforma de comércio eletrônico da Linx, adotada em janeiro para atender o consumidor no ambiente on-line. “Muitos não têm acesso a todo nosso mix de produto. Através deste canal, temos entrega completa”, afirma Leonardo Santos, gerente de TI da marca, que tem uma dúzia de lojas físicas no Brasil.
Alexandre Soncini, diretor de marketing da Vtex: “O mercado está inflacionado pela tendência de consolidação”
A Linx já era parceira da marca. A fornecedora, cuja oferta inicial de ações (IPO) no início do ano captou mais de R$ 250 milhões, é uma das líderes na área de sistemas de gestão para o varejo, com cerca de 12,7 mil clientes no Brasil e no exterior.
Lançou sua plataforma há cerca de três anos e hoje atende uma centena de marcas com sua solução de loja virtual, complementada por gestão de retaguarda, faturamento, logística e expedição e pelo ERP da marca. “É a única que oferece as três camadas integradas”, garante o diretor geral da empresa Jean Carlo Klaumann.
Segundo Klaumann, a marca atende cerca de 80% do varejo de moda no país. O segmento depende da personalização em lojas independentes e está liderando a onda de crescimento do e-commerce.
O cenário de expansão se reflete nos fornecedores de tecnologia, com movimentos como consolidação e segmentação.
No início deste mês a SAP adquiriu a Hybris, empresa suíça especializada em plataformas de e-commerce recém-chegada ao Brasil cuja tecnologia atende pontos de contato que vão de internet e mobile a quiosques e TV. “Isso permite às empresas trocar a visão de canal para aquela mais centrada no consumidor”, defende o vice-presidente da área de OmniCommerce da Hybris, Rock Chavie.
A Oracle já tinha adotado o mesmo caminho alguns anos atrás quando comprou a ATG e, mais tarde, a Endeca, para agregar à sua oferta para lojas virtuais um motor de busca sofisticado. Atende no Brasil clientes parrudos, como a Netshoes, mas recentemente fechou acordo com a parceira gaúcha Compasso para conseguir chegar a empresas menores. “O canal vai atender aquelas com faturamento em torno de R$ 50 milhões”, afirma o diretor sênior de CRM Jorge Toledo.
Entre as empresas menores, um dos exemplos é a Infracommerce, que tem 35 clientes ativos como Daslu e Mash e foi formada pela união de players em diferentes segmentos: plataforma tecnológica (Acec, da Accurate), aplicativos mobile e para Facebook (Curtilo), performance on-line (underDOGS) e produção visual (4BS). “A perspectiva é de R$ 50 milhões de faturamento em 2014”, adianta o vice-presidente Ricardo di Paola.
A Vtex, por sua vez, está com a carteira aberta para compras depois de receber aporte da Napster, hoje dona de 27,7% da empresa, que no ano passado faturou R$ 24 milhões – mais do que o triplo dos R$ 7 milhões de 2010. Mas até agora não conseguiu fechar negócio.
“O mercado está inflacionado pela tendência de consolidação”, justifica o diretor de vendas e marketing Alexandre Soncini. A empresa nasceu em 2000 como plataforma de CRM para o mercado têxtil e evoluiu no e-commerce depois de ajudar o Walmart a entrar no mundo virtual em 2007. O investimento recebido no ano passado vai suportar ainda a expansão internacional. Em 2012, foi a vez da Argentina, cujo escritório já atende dez clientes. Em julho chega ao Chile e, até o fim do ano, à Colômbia. São atendidos clientes também no Equador e no Uruguai.
A segmentação é outra estratégia para tirar partido do cenário otimista. A e-smart, por exemplo, representa no Brasil a plataforma open source Magento e especializou-se na sua integração com o ecossistema do comércio eletrônico brasileiro. Atende clientes como Hering, Porto Seguro e Center Fabril e, segundo o CEO Vinicius Pessin, cresce 30% ao ano com 25 novas lojas virtuais ao mês, em média. “As vendas por atacado também despertaram para o comércio eletrônico. Está chegando a vez do B2B”, aponta o executivo.
As negociações entre empresas são o nicho da Entire TP. Com vasta experiência no mercado farmacêutico, com marcas como Pfizer, Novartis e Aché, entre outras, responsáveis por cerca de 80% do faturamento, a empresa cresceu 120% nos últimos três anos – 23% apenas no ano passado. Agora a fornecedora entra em uma nova seara e lança o marketplace 3farma.com, para proporcionar presença digital a pequenos e médios varejistas do segmento fármaco.
Segundo o diretor comercial José Ricardo Ferreira, com isso os negócios devem crescer 60% no ano que vem. Ele vê ainda novo impulso no e-commerce, mas dessa vez pelo lado das compras. “Ainda há um mercado enorme para explorar”, avalia.
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