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31 ago 2012

Dono da japonesa Uniqlo quer vestir o mundo todo

Tadashi Yanai, fundador da varejista mundial de roupas Uniqlo, está na tela, em uma videoconferência. Do seu escritório em Tóquio, Yanai-san fala com entusiasmo sobre os tecidos inovadores da Uniqlo. “Os americanos acreditam que o algodão é o melhor”, diz ele, “mas nós inventamos novos tecidos que vão mudar o seu estilo de vida”. Primeiro, Yanai fala maravilhas do Heattech, tecido patenteado da Uniqlo que gera calor, desenvolvido em parceria com a empresa japonesa que fornece fibra de carbono para o Boeing 787 Dreamliner. Em seguida, ele se gaba de que o Airism, o tecido refrescante da Uniqlo, é “tão leve que você nem percebe que está usando. É o produto essencial para o verão”.

Pergunto se ele usa esse tecido para trabalhar nos dias quentes e úmidos do verão em Tóquio. Ele dá um largo sorriso e, nesse momento, o homem mais rico do Japão desabotoa a camisa para me mostrar sua camiseta Uniqlo.

Yanai é de uma sinceridade fora do comum quanto aos seus objetivos atuais: transformar a Uniqlo na varejista de roupas número um do mundo. Seu alvo – US$ 50 bilhões em receita anual até 2020 – vai exigir aumentar muito os ganhos sobre a atual receita da Uniqlo, de US$ 12 bilhões, levando a empresa à frente dos nomes principais do setor: Inditex (dona da Zara), H&M e Gap.

Essa ambição poderia parecer só uma fanfarronice sem fundamento, se Yanai já não chamasse a atenção dos conhecedores do setor de vestuário. Ele fincou uma entrada no mercado americano abrindo três lojas muito chamativas em Nova York, incluindo uma gigantesca loja principal na Quinta Avenida, a segunda maior do império Uniqlo. Também convenceu a estilista Jil Sander a sair da aposentadoria para uma colaboração de grande sucesso para várias temporadas. E há também o ambiente das lojas: as técnicas de vendas de Yanai, com roteiros fixos e os espaços moderníssimos, são estudadas pelos executivos da Uniqlo no Japão antes de se espalharem para outros mercados ao redor do globo.

A Uniqlo espera acrescentar “centenas e centenas” de lojas nos Estados Unidos, de costa a costa, a um ritmo de 20 a 30 por ano. Em suma, ela promete derrotar a Gap na seara desta, vestindo o país inteiro em roupas básicas, a preços acessíveis. Mas será que uma marca com raízes no Japão – e com uma estética distintamente minimalista – poderá ser uma grande força no varejo americano?

Yanai acredita que sim, em grande parte porque ele enxerga uma diferença zero entre os compradores de uma metrópole como Nova York e do interior do país. Nesse sentido, ele se inspira em um notável minimalista americano: Steve Jobs, outro empresário do varejo que tinha uma autoconfiança ilimitada e um talento especial para transformar a simplicidade em elegância. Já se tornou quase clichê comparar novas marcas bem-sucedidas com a Apple, ou equiparar um empresário iconoclasta com Jobs. Mas é exatamente assim que Yanai considera a sua missão, e a si mesmo. Para ele, a Uniqlo não se parece tanto com outras firmas de vestuário, mas sim com o “templo” de alta tecnologia de Jobs: em uma busca constante de inovação, guiada por uma visão holística do negócio que se propõe a fazer muito mais do que simplesmente vender mercadorias.

O diretor de criação da Uniqlo, Naoki Takizawa, ex-designer principal da grife Issey Miyake, fala da primeira conversa que teve com Yanai: “Eu tinha sido treinado para imaginar clientes específicos ao projetar um artigo – sua faixa demográfica, seu nível de renda, seu es