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17 ago 2012

Dona da Le Lis enfrenta as dores do crescimento

As ações da varejista de moda Restoque, que detém as marcas Le Lis Blanc, Bo.Bô, John John e Noir, acumulam queda de 10,10% em dois pregões, por conta dos resultados do segundo trimestre, que desagradaram os investidores. Ontem fecharam a R$ 8,90, a menor cotação desde janeiro. O giro financeiro foi de R$ 36 milhões – seis vezes superior à média diária do papel. Analistas reduziram as estimativas para a empresa.

A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 12,8 milhões no segundo trimestre deste ano. Reportou aumento de custos e alta nos estoques, que deterioraram margens e lucro. Houve alta nas despesas pré-operacionais de novas lojas e também gastos extraordinários, relacionados ao seu plano de expansão.

“O mercado estava acostumado a ver a Restoque apresentar crescimento e manter margens. No trimestre passado não foi possível por conta do lançamento de novas marcas”, afirma um analista. “Mas o resultado apenas ilustrou as dores do crescimento. Não existe desconfiança em relação ao modelo de negócio”, diz.

Executivos da Restoque reuniram-se com analistas ontem, em almoço organizado pelo BTG Pactual em São Paulo. Um dos pontos principais da conversa foi o nível dos estoques da empresa.

A Restoque divulgou R$ 160 milhões em estoques, sendo 20% desse valor referente a coleções passadas. Essa proporção, em varejistas de moda, tende a oscilar entre 12% a 16%, dizem analistas. Como ela apresentou um número um pouco superior, o temor é de que pudesse fazer liquidações, que afetariam ainda mais as margens. Os executivos afirmaram que conseguirão equacionar as sobras de coleções em outlets, sem descontos tão agressivos.

Além disso, as lojas recém-inauguradas exigem um tempo de maturação que também interfere nos níveis de estoque.

Outro ponto de preocupação é com o crescimento da área de vendas. Em relatório, os analistas do Bank of America Merrill Lynch comentaram que a companhia agregou 5,5 km quadrados em espaço de venda no segundo trimestre e estima que, neste semestre, adicionará outros 19,3 km quadrados.

Para os analistas do banco, diante do quadro de desaceleração do consumo, dos atuais níveis de estoque da varejista e dos dados de tráfego de clientes nas lojas, que não tem dado sinais de crescimento, a empresa parece aumentar seus riscos.

O Bofa manteve recomendação neutra para a Restoque, mas reduziu a estimativa de lucro por ação da empresa neste ano em 44%, de R$ 0,41 para R$ 0,23.

A equipe do analista Robert Ford, do Bofa, avalia ainda que a Restoque poderá ter menores gastos pré-operacionais e com desenvolvimento de marca no segundo semestre. Mas destacam que ela está no estágio inicial de um ambicioso ciclo de investimentos que tem potencial para gerar valor significativo no longo prazo, embora com retornos baixos no curto prazo. “Infelizmente, existe também potencial de mais despesas e aumento nos custos de execução, em particular no ambiente atual, de desaceleração econômica.”

A analista Andrea Teixeira, do banco J.P. Morgan, a recomendação para as ações de “acima da média de mercado” para neutra, em função da “deterior