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24 mar 2015

Desvalorização do real ainda não traz benefícios para os exportadores

A mudança de patamar do dólar não trouxe os benefícios esperados para a balança comercial. A disparada da moeda norte-americana tem sido mitigada pela queda no valor dos itens exportados pelas empresas brasileiras. Um levantamento da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) revela que os preços dos produtos vendidos pelo Brasil estão no nível mais baixo desde novembro de 2009. Até fevereiro, a balança comercial brasileira acumula um déficit de US$ 6,016 bilhões.

A queda de preço ocorre sobretudo nas commodities. O preço dos produtos básicos está sendo afetado pela desaceleração da economia chinesa, grande importadora de produtos básicos. Neste mês, o governo chinês estabeleceu 7% como meta de crescimento, um ritmo bem abaixo da média de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) do país dos últimos anos.

Uma outra demonstração de que os preços estão jogando contra a balança brasileira está na rentabilidade. Em janeiro – último dado disponível -, os dados da Funcex mostram que ela recuou 10% ante janeiro do ano passado. O cálculo da rentabilidade leva em conta preços, custo e câmbio. “A desvalorização do câmbio ainda não está compensando a queda de preço e o aumento de custo”, afirma Daiane Santos, economista da Funcex.

O alento para os exportadores é que a escalada do câmbio em março pode começar a reverter o quadro ruim, e a rentabilidade passar a ser positiva. “Num cenário em que o câmbio fique em R$ 3,00, o que parece o mais provável, a rentabilidade pode chegar a 5,2% no primeiro semestre”, afirma Daiane.

A desvalorização do real tente a beneficiar sobretudo a exportação dos produtos manufaturados. Nos dados da balança comercial da primeira semana de março, já foi possível notar um quadro mais favorável para o comércio exterior dos manufaturados – as exportações saltaram 17% ante fevereiro. “É uma sinalização boa, mas não é segura, por ser inicial”, diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “Mas, com o dólar nesse patamar, o problema deixou de ser câmbio e preço e passou a ser mercado.” O País tem a América Latina, que está desacelerando, como um dos principais destinos dos manufaturados.

Essa melhora de humor ficou evidente na indústria têxtil. Em janeiro, na pesquisa de conjuntura daAssociação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), 57,5% pretendiam exportar; em fevereiro, essa fatia subiu para 78,6%. “A expectativa melhorou,” afirma Rafael Cervone, presidente da Abit.

Fonte: ABIT