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15 jul 2011

CNI alerta sobre riscos de “reprimarização” da economia

O futuro da economia brasileira está ameaçado de sofrer no momento um crescente processo de “reprimarização” (aumento das exportações de matérias-primas minerais e agrícolas e de importações de produtos elaborados). Em especial, por conta do avanço da China no mercado interno e na disputa internacional.

O alerta foi levado ao Senado por representantes da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Em audiências públicas, eles advertem que o ciclo de desenvolvimento do país não é sustentável sem a mudança desse modelo.

Os senadores Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) e Armando Monteiro (PTB-PE) defenderam a desoneração dos investimentos e a criação de um movimento unificado em defesa do emprego e da indústria. Querem a ampliação do protesto promovido por centrais sindicais em São Paulo.

“Somente um movimento que reúna empresários e trabalhadores poderá surtir os efeitos desejados”, defendeu o senador catarinense. “O Brasil é um dos poucos países do mundo que onera investimentos”, reclamou Monteiro, com a experiência de ex-presidente da CNI.


Desindustrialização

Durante a exposição a, o diretor Eexecutivo da CNI, José Augusto Fernandes, apontou como a indústria vem diminuído de importância na economia nacional.

Segundo a entidade, a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas produzidas no Brasil, caiu de 35,9% em meados da década de 1980, para 15,8% este ano.

“O País passa por um processo de desindustrialização”, destacou Fernandes.

Em outra pesquisa, a CNI aponta que, além de juros, câmbio, carga tributária e produtividade, o grande obstáculo da indústria nacional é a China. Os dados da pesquisa apontam que 45% das empresas que concorrem com a China no Brasil perderam participação no mercado. No mercado externo, 67% das empresas do Brasil que competem com a China ficaram sem seus clientes.

Um dos setores que mais sofrem com a concorrência chinesa é o de vestuário, cujas importações cresceram 16 vezes de 2003 a 2011. O presidente do conselho de administração da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, estima que é de 200 mil o número de postos de trabalho que deixarão de ser criados no País, este ano, em função do déficit da balança comercial do setor. “Estamos exportando empregos para a Ásia. É lá que esses empregos serão gerados, não no Brasil”, protestou.

Como sugestão para enfrentar o problema, o dirigente da Abit sugeriu uma série de medidas de defesa comercial, em busca de uma competição isonômica, como a aprovação do Projeto de Lei da Câmara 176/2008, que dispõe sobre a importação e o fornecimento de produtos sujeitos à regulamentação técnica federal.

O objetivo desse projeto é barrar, ainda nos portos, a importação de produtos que não passem nos testes de conformidade do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro). Atualmente, segundo Aguinaldo Diniz, o Inmetro só pode agir quanto a esses produtos depois que eles entram no mercado brasileiro.

Para demonstrar a importância dessa proposta, que se encontra na CAE, o presidente da Abimaq afirmou que a Alemanha barra tecnicamente a entrada de carros chineses no país, sob alegação de que eles não cumprem uma série de normas de segurança.

O relator do PLC 176/2008 na CAE é o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que pediu a opinião dos participantes da audiência antes de dar seu parecer. A Receita Federal já se manifestou contrária à sua aprovação. Dados apresentados pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, apontam que a economia nacional passa por um processo de “reprimarização”, ou seja, o retorno a uma época caracterizada pela exportação de matérias-primas e pela importação de produtos elaborados.

Citou que a indústria era geradora de um terço dos empregos no paí