Segundo o presidente do BNDES, continente é visto como uma prioridade pela presidente Dilma, principalmente no que se refere à area de comércio exterior
Além de grandes oportunidades em infraestrutura, energia e agricultura, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, avaliou que as empresas brasileiras podem colaborar com o desenvolvimento da África em outras, áreas, como telecomunicações, produção de medicamentos e venda de bens de capital. “A África é um continente de 1 bilhão de habitantes com PIB de US$ 1,7 trilhão que, em dez anos, deve passar para US$ 2,7 trilhões. Há um processo de estabilização com o aprofundamento da democracia em vários países, com uma taxa de crescimento da população alta, que quer oportunidades de emprego e de renda. O Brasil pode ser um parceiro generoso para o desenvolvimento da África”, destacou.
Segundo Coutinho, na área de infraestrutura, a África está lançando um programa de integração em todo o continente o que, segundo ele, vai gerar muitas oportunidades para empresas brasileiras de engenharia que são muito competitivas.”Além disso, podemos transferir tecnologia para a produção de antirretrovirais, fábricas de medicamentos que podem ajudar a estabilizar a situação da saúde na África”, comentou. “Há também todo o nosso aprendizado na política de combate à pobreza. Vejo também a área da indústria que pode desenvolver muitas oportunidades, tais como em alimentos processados, calçados, vestuário e fertilizantes.”
Coutinho disse que a África é vista como prioridade pela presidente Dilma Rousseff, especialmente na área de comércio exterior. Ele ressaltou que, na próxima semana, o ministro do Desenvolvimento e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, vai liderar uma comitiva que visitará países do sul do continente, começando por Moçambique. “Precisamos tomar cuidado. Existe uma empatia muito grande da África com o Brasil e nós não podemos permitir que nossas empresas, por falta de compreensão, cultura, entendimento, de respeito aos valores locais, termine por gerar conflitos desnecessários. Precisamos aprender muito mais com a África, pois pode ser criada uma parceria duradoura para o seu desenvolvimento.”
Embora considere as perspectivas econômicas para o continente positivas, citando que o FMI prevê um crescimento de 5,8% para o continente em 2012, Coutinho acredita que os países africanos estão muito expostos a bancos europeus, sobretudo devido ao processo de colonização. “Isso vai precisar do entendimento de bancos multilaterais, como o Banco Africano de Desenvolvimento, que precisarão atuar mais fortemente para evitar que uma eventual complicação de bancos europeus termine afetando negativamente seu grande potencial. Vamos esperar que isso não aconteça”, disse.
Fonte: Estadão
