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10 out 2012

A acidez e a audácia da lendária Diana Vreeland

Os desfiles de moda estão em plena atividade, o que significa que os olhos estão voltados não apenas para as passarelas, mas também para as editoras de moda sentadas na primeira fila. Em outras palavras, é o momento perfeito para “The Eye Has to Travel” (o olho precisa viajar, em inglês), filme que traça um mapa da vida daquela que talvez tenha sido a editora de revistas de moda mais lendária de todas: Diana Vreeland.

Apelidada de “imperatriz da moda”, Vreeland (1903-1989) foi editora de moda da “Harper’s Bazaar” de 1936 até se tornar editora-chefe da “Vogue” americana, em 1962. Em nove anos no comando da revista ela lançou as carreiras das modelos Twiggy, Penelope Tree e Jean Shrimpton, e dos fotógrafos David Bailey, Irving Penn e Richard Avedon, além de ter se mantido na dianteira do “Youthquake”, termo que cunhou com as palavras “juventude” e “terremoto”, em inglês. Foi demitida da “Vogue” em 1971, porque, nas palavras dela, “eles queriam um tipo diferente de revista”.

O documentário, produzido e dirigido por Lisa Immordino Vreeland, cineasta casada com o neto dela, conta a história de Vreeland desde a infância na Europa até seus anos na “Vogue”. Inclui fotos e entrevistas com grandes nomes do setor – e é intercalado com entrevistas, com voz de fundo, feitas em uma série de gravações entre o então editor da “The Paris Review”, George Plinton, e Vreeland.

“São 36 a 38 horas de conversas maravilhosamente gravadas, com uísque sendo servido ao fundo”, diz Immordino. “É como se ela estivesse lá, diretamente te contando a história de sua vida.”

Diana Vreeland e Yves Saint-Laurent, nos anos 80, quando ela organizou uma exposição sobre ele no Metropolitan (NY)

Algumas das famosas observações de Vreeland estão presenes, como: “Não se deve dar às pessoas o que elas querem. Deve-se dar o que elas ainda não sabem que querem”. O filme, no entanto, evita perder-se em uma hagiografia, graças às visões de Ali MacGraw, assistente de Vreeland, que a achava rude, e dos filhos de Vreeland, que se sentiam negligenciados.

Ainda assim, a própria Vreeland, também vislumbrada em filmagens granuladas de antigas entrevistas de TV é, de longe, a parte mais atraente do filme. A cada pausa para aspirar e com sua voz lenta e esganiçada, Vreeland sabe criar o clima de expectativa para as mordazes observações por vir. Suas declarações audaciosas traçam uma imagem vívida de como ela achava que devia ser o fabuloso mundo da “Vogue”, onde estilo era tudo, a vida era feita para viver e os orçamentos… que fossem para o inferno. “The Eye Has to Travel” está em exibição em Londres desde 21 de setembro.