A perda de força dos preços dos produtos agrícolas deve fazer com que o índice de preços ao consumidor (IPC) registre queda já a partir de abril, acredita o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.
O índice de inflação no varejo terminou o mês de março a 0,71%, acima dos 0,49% registrados no mês anterior. No entanto, a expectativa é que o índice chegue próximo a 0,5% em abril.
“A alta do IPC é praticamente toda explicada pela alimentação, que foi um pouco compensada pela queda na habitação e nas despesas diversas”, disse.
A alimentação liderou as altas, tendo passado de 0,12% para 0,98%. Na habitação, os preços passaram de 0,58% para 0,41%, e no vestuário, que havia caído 0,17% em fevereiro, subiu 1,01% em março.
Quadros acredita que o arrefecimento dos preços dos alimentos no Índice de Preços ao Produtor Amplo deve chegar ao varejo em breve. O IPA passou de alta de 1,23% em fevereiro para 0,6% em março. “As matérias-primas brutas contribuíram para 85% da desaceleração do IPA no mês. As agropecuárias tiveram o maior efeito”, disse o economista.
As matérias-primas brutas passaram de 2,21% para 0,37% em março, as agropecuárias, que haviam subido 2,21%, avançaram 0,5%, e as matérias-primas brutas, que tiveram alta de 2,17% em fevereiro caíram 0,27% em março.
Entre os produtos intermediários, a maior alta foi do álcool anidro, que é adicionado à gasolina, de 23,18%, ante avanço de 3,72%. O álcool subiu devido à entressafra da cana-de-açúcar. A expectativa agora é que, com a colheita a partir de abril, esse movimetno não volte a se repetir.
Nos bens finais, a alimentação teve alta de 1,49%, e os combustíveis avançaram 2,43%. O álcool hidratado subiu 17,59%, ante 4,94% em fevereiro.
(Juliana Ennes | Valor)
