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7 abr 2011

Alta do algodão põe em teste modelos de varejistas

Marc Bolland, executivo-chefe da Marks and Spencer estava em astral combativo, na quarta-feira, insistindo que a varejista britânica manterá suas margens, apesar dos custos mais elevados das commodities e da fragilidade da confiança dos consumidores.


Altas nos preços do algodão estão produzindo um impacto menor sobre a M&S do que nas varejistas que trabalham com artigos de vestuário mais baratos, sustentou ele. “Estamos tentando amenizar [os aumentos de custos], gerenciando a base de fornecedores e promovendo eficiências”, diz ele.


Suas palavras ressaltam os dilemas enfrentados pela indústria do vestuário em todo o mundo, quando um aumento nos custos de produção – inclusive preços recordistas para o algodão – testam a eficiência das cadeias de suprimentos em todo o setor varejista.


As empresas estão inseguras sobre quanto desses custos poderão repassar – se é que poderão repassar algum -, aos seus clientes em dificuldades, que se acostumaram a comprar roupas baratas. Eles também estão analisando uma diversidade de estratégias para espremer mais valor de seus fornecedores. Muitos varejistas já estão fazendo pedidos antecipadamente aos fornecedores, para assegurarem preços mais baixos.


A Gap, maior varejista dos Estados Unidos, informa que está fazendo mais pedidos de longo prazo a um preço fixo para nivelar os custos. A Gap já redirecionou mais pedidos para países onde pode beneficiar-se de acordos de livre comércio para reduzir seu custo de fazer negócios. A Gap também tem experimentado diferentes misturas de tecidos em suas lojas Old Navy, onde está usando mais rayon e modal (uma forma de fibra de celulose) em algumas das malhas de algodão. A empresa está pondo mais linho em alguns vestidos.


Outros varejistas também estão experimentando materiais baratos, inclusive fibras sintéticas ou artificiais como viscose, como substituto para o algodão. Entretanto, as iniciativas do emprego de mais fibras artificiais já elevou o preço de produtos sintéticos.


A Primark cadeia de moda de lojas de descontos britânica tem absorvido o aumento do custo do algodão, que está comendo suas margens. Lord Wolfson, diretor executivo da Next, varejista de moda do Reino Unido, disse que os preços nas lojas aumentaram cerca de 8% nesta temporada, mas diz que teriam subido 18%, não fossem medidas como a emissão antecipada de pedidos.


Não é apenas o aumento do preço do algodão que está testando os modelos de negócios dos varejistas. Altos custos trabalhistas na China deram início a “uma nova era de importações a preços mais altos”, disse a Li & Fung, de Hong Kong, em março, uma trading fornecedora bens de consumo.


“O aumento dos preços do algodão são um fenômeno mais temporário porque os fornecedores sempre podem plantar mais algodão, ao passo que os custos trabalhistas crescentes na Ásia são mais estruturais”, disse Caroline Gulliver, analista da Execution Noble.


Algumas varejistas estão transferindo-se de regiões costeiras e do sul da China em busca de mão de obra mais barata no oeste e no norte, embora alguns analistas acreditem que esse diferencial já está sendo minado. Outras varejistas estão abandonando a China, preferindo Bangladesh e sul da Índia.


A Inditex, companhia espanhola que é dona da marca Zara, e a sueca Hennes & Mauritz (H&M) ajudaram a inaugurar a tendência do “fast fashion”, em que os modelos mais recentes na passarela são rapidamente produzidos em massa para o varejo popular.


E as tensões criadas pelo aumento dos preços dos insumos puseram em nítido foco modelos de negócios contrastantes.