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30 maio 2012

Moda ‘GG’ já movimenta mais de R$ 4,5 bilhões

RENATO JAKITAS – O Estado de S.Paulo


Moda GG ou mercado plus size. As confecções especializadas em roupas para gordinhos sempre existiram. A novidade é que, nos últimos anos, elas perderam a vergonha, trocaram de nome e assumiram uma perspectiva mais fashion.



Por isso, essas empresas ganham espaço na preferência dos consumidores e já abocanham um mercado estimado em cerca de R$ 4,6 bilhões pela Associação Brasileira do Vestuário (Abravest).


E oportunidades não faltam para os pequenos e médios empresários dispostos a investir nesta segmentação de mercado. É o caso da designer de fantasias Lylla Marry, que até pouco tempo simplesmente não tinha percebido esse filão.


“Um dia duas irmãs entraram em meu ateliê. Uma magrinha e a outra gordinha. No fim, enquanto a magrinha tinha encontrado sua fantasia, a gordinha comentou decepcionada: ‘queria tanto ir na festa, mas não existe fantasia para mim'”, lembra a empreendedora.


As clientes foram embora, mas Lylla não esqueceu a cena. Sentou-se com papel e lápis na mão e não parou de trabalhar até desenhar uma coleção inteira para o público GG.


O retorno da clientela surpreendeu a designer. “Vou te falar, o resultado é incrível. A coleção plus size entrou no catálogo da empresa no ano passado e, com ela, ampliamos o faturamento em quase 40%. Vem gente de todo o lado alugar fantasias conosco”, afirma.


O desempenho inesperado motivou Lylla Marry a ampliar a coleção especial, que vai do manequim 46 ao 58. As atuais 100 peças disponíveis (80 delas para mulheres e 20 para homens) receberão cerca de 20 novas opções em breve.


“Vamos crescer e nunca mais parar de trabalhar com esse nicho. Quero lançar fantasias de princesas, além de coisas sensuais. A mulher plus size não quer se esconder, ao contrário, ela quer coisas pequenas como uma minissaia.”


A história vivida por Lylla não surpreende o professor de marketing da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Cortez Campomar.


Para o especialista, há uma demanda por roupas com medidas especiais. “O brasileiro está engordando”, resume. Campomar destaca ainda a profissionalização do segmento, que por isso mesmo busca naturalmente novos nichos de mercado.


O especialista não se arrisca a fazer previsões mais detalhadas sobre o segmento, o que não quer dizer que ele não o recomende. “De acordo com informações oficiais, notamos que o mercado consumidor para esses produtos é grande.”


Marcos Campomar refere-se à pesquisas como a do Ministério da Saúde, divulgada no último mês de abril. O relato informa que quase metade da população brasileira atualmente (48,5%) está acima do peso. Os número obtidos pelos pesquisadores em 2011 cresceram quase seis pontos porcentuais nos últimos cinco anos.


Roberto Chadad, presidente da Abravest, revela dados que também ajudam a entender a dimensão do segmento de moda GG. De acordo com ele, o mercado já movimenta R$ 4,6 bilhões – 5% do faturamento integral do setor, estimado hoje em dia em R$ 92,7 bilhões.


Profissional


“Esse mercado esteve durante décadas na informalidade. As costureiras faziam peças por encomenda para os gordinhos. O público GG sempre teve vergonha de entrar numa loja porque não tinha muita coisa para ele e também porque existia preconceito mesmo”, analisa Chadad.


“Com a escassez das costureira