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8 fev 2013

Queda na produção de bens de capital não é bom sinal

Apesar dos estímulos distribuídos pelo governo, a indústria teve um desempenho decepcionante em 2012. A produção industrial caiu 2,7%, o pior resultado desde o tombo de 7,4% em 2009, ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,6%, no auge do impacto da crise internacional na economia brasileira.

A desoneração da folha de pagamentos, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o corte dos juros, o aumento da oferta de crédito e a desvalorização cambial não foram suficientes para reanimar a indústria, que havia crescido apenas 0,4% em 2011. Nos raros setores em que ocorreu, a recuperação foi errática e não contagiou outras áreas.

Estoques elevados, dificuldade para exportar, queda na confiança do empresariado, além do alto endividamento e da inadimplência das famílias afetaram a produção industrial. O desempenho decepcionante da indústria em 2012 alimentou as previsões pessimistas para a economia daquele ano e também as deste ano. A indústria tem um peso de 27,5% no PIB.

A indicação mais negativa foi a queda de 11,8% na fabricação de bens de capital, o que aponta investimentos fracos pela frente, embora tenha havido alguma importação. Os investimentos não mostram sinais de retomada e devem ter completado em 2012 seis trimestres seguidos de queda.

A queda de 36,2% na fabricação de caminhões e ônibus, que fazem parte dos bens de capital, teve grande influência. A produção de caminhões despencou com a introdução obrigatória de novos motores com tecnologia menos poluente e mais cara a partir de 2012, o que levou a uma onda de antecipação de compras no fim de 2011, criando uma base mais elevada de comparação e esvaziando a demanda do ano passado.

A fim de reativar a demanda, o governo baixou os juros da linha do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o financiamento de caminhões e permitiu sua depreciação acelerada, reduzindo o imposto a pagar. Mas o resultado desses incentivos foi fraco.

Houve também recuo na produção de outros tipos de bens de capital, como material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicação, 13,5%; e de máquinas e equipamentos, 3,6%. A única exceção foi nos bens de capital para a agricultura, que fechou o ano com crescimento de 3,5%.

O desastre no setor de caminhões também foi responsável pela queda de 13,5% da produção de veículos automotores – setor que tem peso de 11% na indústria -, o pior resultado desde 1998, quando desabou 19,3%. Fazem parte desse grupo os automóveis, cuja produção fechou o ano em queda de 1%, apesar da reação no segundo semestre, após a redução do IPI e a facilitação do financiamento. A fabricação de automóveis aumentou 8,5% no terceiro trimestre e 11,4% no quarto, mas não compensou o mergulho do início do ano, de 18,6% no primeiro trimestre e 2,9% no segundo.

Há o receio, com fundamento, de que a retirada gradual do benefício fiscal e o endividamento elevado das famílias possam levar a nova desaceleração na fabricação de veículos, o que também pode acontecer com os eletrodomésticos da linha branca. Ruim com eles, pior sem eles.

Um fato positivo é a redução dos estoques elevados, que influenciaram negativamente o desempenho de vário