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30 maio 2012

Aumento de salário mínimo ameaça competitividade chinesa

Plano de Pequim para acabar com disparidade social eleva custo de mão de obra e faz com que fábricas comecem a ser transferidas a países vizinhos.


De Pequim para a BBC Brasil – O aumento do salário mínimo chinês, decretado pelo governo, deverá estimular mais indústrias a saírem do país em busca de mão de obra mais barata em países do sudeste asiático, segundo preveem analistas ouvidos pela BBC Brasil.


O 12º Plano Econômico Quinquenal de Pequim anunciou recentemente um aumento anual de 13% do salário mínimo até 2015 nas províncias chinesas, com o objetivo de garantir a estabilidade social pela diminuição da diferença entre a renda de ricos e pobres. Segundo o Conselho Nacional do Congresso chinês, os 10% mais ricos do país ganham 23 vezes mais do que os 10% mais pobres. 



O governo anunciou também o aumento do limite de isenção de Imposto de Renda de 2 mil yuans (R$ 660) para 3,5 mil (R$ 1,155).



Para Tom Miller, da consultoria GK Dragonomics, essa mudança de perfil “já vem ocorrendo há três anos e, em uma década, deveremos ver o fim da China barata”, algo que deve afetar o preço das exportações do país e a dinâmica da competitividade global no futuro.



Indústria mais cara



A mudança de filosofia que vem sendo introduzida por Pequim prevê um foco menor no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e mais ênfase a aumento dos benefícios sociais, como seguro de saúde e alongamento da licença maternidade de 90 para 98 dias.



Estima-se que esses acréscimos elevem em 20% o custo de mão de obra. Isso deve ter um impacto negativo na competitividade de produtos fabricados por certos setores da indústria chinesa que, desde a reforma econômica de 1979, vem se notabilizando pela produção em massa a custos baixos.



“Está ficando mais caro produzir na China, porque há mais oportunidades de trabalho”, explica Shaun Rein, autor do livro The End of Cheap China (O Fim da China Barata, em tradução livre).



De acordo com Rein, a expansão do setor de serviços acaba elevando gerando nos operários chineses a expectativa de também receber salários mais altos.



Em abril deste ano, a primeira ação coletiva para aumento de salário foi vencida em Dalian, no noroeste da China. Cem mil trabalhadores da indústria de software local assinaram um novo contrato que prevê o aumento dos vencimentos em 6%. O acordo abrange 500 companhias e 70% da mão de obra do setor.



Inflação mundial



Segundo Rein, a iniciativa do governo de elevar o nível salarial do operário tem criado discrepâncias. “Muitos profissionais graduados ganham hoje menos do que um trabalhador da indústria”, diz.



Um exemplo é o concorrido posto de catador de lixo em Guangzhou, que oferece salário mensal de 4 mil yuans (R$ 1.320) – enquanto isso, a média de salário de um jovem recém-formado é de cerca de 2,5 mil yuans (R$ 825).



E de acordo com Rein, os efeitos também serão sentidos no exterior, com produtos mais caros. “As mudanças do estilo de crescimento e as política