Topo
Sindivestuário / Matérias  / China freia mercado global de luxo
19 out 2012

China freia mercado global de luxo

O crescimento do mercado mundial de produtos de luxo terá desaceleração neste ano, afetado pela contenção de gastos dos consumidores chineses em seu país, enquanto esperam a iminente troca de comando no governo federal, segundo a empresa de consultoria Bain & Co.

O mercado global deve crescer 5%, levando em conta taxas de câmbio constantes, e chegar a ? 212 bilhões, em relação às altas de 13% em 2011 e 8% em 2010, divulgou a Bain & Co. ontem.

A expectativa é que as vendas do setor na China continental, excluindo Hong Kong e Macau, avancem 18% este ano, após os aumentos de 30% e 35% dos últimos dois anos, respectivamente.

A Bain prevê expansão anual de 4% a 6% para o mercado mundial de luxo entre 2013 e 2015, levando em conta taxas de câmbio constantes, o que significará um faturamento total de ? 250 bilhões até a metade da década.

“Os fundamentos do crescimento continuam fortes, mas vai ser um caminho esburacado”, afirmou Claudia D’Arpizio, sócia da Bain & Co. que trabalha em Milão e é autora do informe.

Ontem, a LVMH, fabricante das bolsas Louis Vuitton, dos perfumes Dior e do champanhe Dom Pérignon, também confirmou a tendência de desaceleração no setor de bens de luxo, ao anunciar que o crescimento orgânico das vendas (sem levar em conta variações cambiais e marcas compradas ou vendidas) encolheu para apenas 6% no terceiro trimestre.

No mesmo período de 2011, a expansão havia sido de 15%. A empresa, maior do mundo do setor em vendas, não detalhou os resultados por regiões geográficas, mas informou que os Estados Unidos “continuam a mostrar forte ímpeto”, enquanto o “cenário de negócios na Europa e Ásia está ambíguo”.

A desaceleração no crescimento das vendas orgânicas segue a recente tendência observada na LVMH. As vendas haviam aumentado 8% no segundo trimestre e 12% no primeiro. No terceiro trimestre, as vendas somaram ? 6,9 bilhões.

A empresa parisiense, no entanto, informou que continua confiante quanto aos resultados deste ano, “apesar do pano de fundo de desaceleração econômica na Europa”, e destacou que a receita total nos nove primeiros meses de 2012 somou ? 19,9 bilhões, 22% a mais do que no mesmo período do ano anterior.

As previsões da Bain & Co. e a desaceleração da LVMH corroboram os alertas divulgados recentemente por um coro cada vez maior de varejistas de moda avisando que o mercado chinês, já dando sinais de amadurecimento, vai crescer menos do que nos últimos dez anos.

O executivo-chefe da casa de moda italiana Ermenegildo Zegna, Gildo Zegna, disse ao “Financial Times” que as empresas terão de se adaptar a taxas de crescimento entre 10% e 15% na China, em vez dos números de 20% a 30% que foram comuns nos últimos anos para muitas marcas.

Embora a China continental seja o quinto maior mercado mundial de luxo, atrás dos EUA, Japão, Itália e França, a Grande China, incluindo Hong Kong e Macau, passou o Japão pela primeira vez e assumiu a segunda colocação, atrás apenas dos americanos.