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24 jul 2012

Varejo têxtil fixa metas contra trabalho escravo

Após denúncias sobre exploração de trabalho escravo por redes de vestuário, o setor uniu forças e decidiu que a partir de 31 de dezembro de 2013 só comprará de fornecedores que aderirem a um programa único de qualificação e auditorias independentes que visa eliminar a mão de obra informal, infantil e imigrante.

Para o Estado de São Paulo o compromisso começa a valer em dezembro deste ano. Até maio, das 1,2 mil empresas de confecção submetidas à avaliação, 15 foram reprovadas e 173 precisam implantar melhorias. “Apostamos no poder de replicação do novo conceito”, afirma José Eduardo Guzzardi, diretor da Associação Brasileira do Varejo Têxtil, que reúne 12 grandes grupos, entre eles Walmart, C&A, Marisa, Riachuelo, Casas Pernambucanas e Zara, responsáveis por 15% do mercado.

“A lógica é separar o joio do trigo e atrair todos para o mesmo barco”, afirma Paulo Itacarambi, vice-presidente do Instituto Ethos, organização que hoje articula dez diferentes pactos e compromissos. O ponto de partida foi a iniciativa contra o trabalho escravo, iniciada em 2005 com 300 adesões, a partir da qual desenvolveu-se uma metodologia que inclui a definição de objetivos comuns, plataforma de monitoramento, sistema de rastreabilidade e uma “lista suja” de empresas irregulares para orientação do mercado. “A ideia é fazer a lição de casa por meio de parcerias para se antecipar a riscos futuros e cobrar ações e incentivos do poder público”, explica Itacarambi.

Entre os resultados, a Prefeitura de São Paulo comprometeu-se a fazer compra sustentável de soja, madeira e carne como medida para reduzir as pressões sobre a floresta e a ilegalidade trabalhista.

O esforço chega à indústria do aço. Lançado em junho pelo Ethos e ONGs, o compromisso de usar só carvão vegetal produzido a partir de florestas plantadas tem como alvo os produtores independentes de ferro-gusa, matéria-prima das siderúrgicas. Hoje, 60% do carvão para o setor provêm de matas nativas, na maior parte ilegal. Doze empresas assinaram o pacto para implantar critérios sustentáveis e obter auxílio tecnológico para rastrear o produto desde a origem.

Em paralelo, o Instituto Aço Brasil criou um protocolo para que também as siderúrgicas – e não apenas os produtores de gusa – assumam a meta de obter 100% do carvão a partir de florestas plantadas no prazo de quatro anos. O compromisso abrange ao todo 11 grupos empresariais de grande porte que produzem 35 milhões de toneladas de aço bruto por ano. “Criaremos programas para transferir tecnologia e orientar fornecedores a trabalhar dentro da lei, além validar as ações em parceria com ONGs”, informa Maria Cristina Yuan, diretora de sustentabilidade.

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