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12 ago 2011

Varejo atrai executivos de outros setores para suprir falta de talentos

Com o forte aquecimento do mercado interno brasileiro nos últimos anos, diversos setores da economia foram impulsionados com investimentos em novos negócios e a criação de vagas, o que evidenciou a falta de mão de obra qualificada em todos os níveis. Nesse processo, um dos segmentos mais afetados foi o de varejo, que vive um momento de grandes movimentações com fusões, aquisições e expansão das grandes redes. Afinal, esse universo abrange redes de lojas de todos os tipos como Carrefour, Renner e Magazine Luiza até as especializadas como a Fototica e as de luxo como a Tiffany.


Para suprir a demanda por bons profissionais, especialmente no alto escalão, as organizações de varejo estão começando a romper dois paradigmas: passaram a investir mais na formação e no treinamento de seus funcionários, e abriram o leque na hora de buscar talentos.


De acordo com Sérgio Averbach, presidente para a América Latina da empresa de recrutamento Korn/Ferry, esse é um setor que, historicamente, nunca deu muita atenção às melhores práticas de desenvolvimento profissional, especialmente quando comparado a outros como bens de consumo, tecnologia e serviços financeiros. “Além disso, o varejo tende a valorizar excessivamente a experiência na área e não o que o executivo pode trazer de fora”, afirma.


Averbach ressalta que, assim como já acontece em outros mercados, o recrutamento no varejo começa a se basear no perfil e nas competências dos candidatos e não somente na experiência prévia e no cargo que ocupam. “Existe a preocupação hoje nas companhias em criar o novo, em fazer o diferente. Contratar a pessoa que ocupa a mesma posição no concorrente, portanto, pode não ser a melhor solução”, afirma.


A situação não é fácil, no entanto, mesmo para as empresas que já estão buscando executivos com diferentes ‘backgrounds’. A principal razão é que muitos profissionais ainda têm ressalvas em relação à dinâmica e ao enfoque exagerado do setor no planejamento e nas estratégias de curto prazo. “Enquanto na indústria os executivos planejam ciclos que vão de 3 até 60 anos, por exemplo, no varejo esse período é, no máximo, de 3 a 6 meses”, afirma Luis Giolo, diretor no Brasil da consultoria Egon Zehnder.


Para ele, o maior desafio não é levar talentos de outras áreas para o varejo, mas fazer com que esses profissionais permaneçam nele. “Muitos aceitam uma oferta desse tipo como forma de desenvolver a carreira. Eles aprendem como funciona o ‘outro lado’ e depois voltam para a indústria”, afirma. Os que ficam, segundo Giolo, são os que se apaixonam pelo contato direto com o consumidor. “Você faz uma ação e vê o impacto disso imediatamente.”


O diretor da Egon Zehnder afirma que profissionais que atuam em organizações de bens de consumo e telecomunicações costumam se adaptar mais facilmente ao varejo, mas os principais nomes em atividade no segmento foram formados internamente. “Investir mais na base é uma boa solução. É preciso desenvolver programas de trainee mais robustos e ensinar os colaboradores continuamente”, diz.


Na opinião da sócia-diretora da consultoria Mariaca, Renata Filippi, a transição é mais fácil para quem não atua na linha de frente do negócio, como na gestão de lojas, mas em departamentos de suporte como recursos humanos, tecnologia da informação e logística.


A Mariaca registrou um crescimento de 70% nas posições gerenciais e de diretoria no varejo no primeiro semestre deste ano, comparado ao mesmo período de 2010. Renata, que foi da C&A antes de entrar na consultoria, afirma que muitos fundos de investimento estão adquirindo empresas nesse mercado e as redes não estão aumentando apenas o número de lojas, mas também diversificando seus negócios. “Isso amplia as oportunidades para executi