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8 fev 2013

Desafio do aumento da produtividade

Há hoje no Brasil uma preocupação com o aumento da produtividade. Uma economia cresce pela incorporação de mão de obra no processo produtivo, pelo aumento do investimento em capital físico (máquinas e equipamentos) e pelo uso mais eficiente que se faz desses fatores, o que os economistas chamam de “produtividade total dos fatores (PTF)” – produzir mais produtos com a mesma quantidade de mão de obra e capital empregados.

Não há na teoria econômica uma lei rígida que diga que o crescimento da produtividade antecede ou decorre da acumulação de capital e trabalho. É possível que surtos de crescimento comecem pelo maior uso de fatores de produção ociosos, que levaria a um crescimento da produtividade, como é possível o contrário, reformas econômicas tornariam a economia mais eficiente (aumento de produtividade), o que estimularia o aumento do investimento.

É consenso entre economistas que o crescimento sustentável de uma economia está ligado ao crescimento da produtividade total dos fatores. Mas exatamente o que um país pode fazer para que a produtividade cresça mais depressa não é consensual

Para alguns economistas, a forma de aumentar a taxa de crescimento da produtividade é deslocando fatores de produção de atividades “tradicionais” para as que, pela sua própria natureza, exigem o emprego de mão de obra mais qualificada e investimento maior em pesquisa e desenvolvimento (P&D), o que levaria a mais inovação. Em uma linguagem mais simples, seria melhor investir na indústria farmacêutica e em indústrias intensivas em tecnologias do que no setor de vestuário e calçados.

O problema com esse tipo de argumento é que, se todos os países do mundo quisessem incentivar apenas um conjunto de empresas em atividades intensivas em tecnologia, quase todos produzirão medicamentos e eletrônicos e uns poucos produzirão alimentos. No final, pode até ser mais vantajoso para alguns países produzirem soja e cobrar um fortuna do resto do mundo.

Adicionalmente, o mundo do século XXI é diferente da dicotomia clássica da primeira metade do século XX, quando atividades agrícolas e extrativas eram necessariamente sinônimos de baixa produtividade. Esse não é mais o caso. Alguns produtos agrícolas são mais intensivos no uso de tecnologia do que a montagem de alguns produtos eletrônicos.

No mundo atual é cada vez mais difícil apostar em setores. A tecnologia está embutida tanto em remédios e carros, quanto em roupas, sapatos e alimentos. Assim, a preocupação não deveria ser com o que um país produz, mas como se produz.

Outro grupo de economistas argumenta que é muito difícil planejar a composição setorial de um país. Assim, o que possibilitaria um crescimento mais rápido da produtividade seria maior abertura da economia, que levaria a uma melhor alocação dos fatores de produção; a melhoria do ambiente de negócios, que permitiria que as firmas de baixa produtividade fossem expulsas do mercado pelas de maior produtividade; maior investimento em educação e reformas que tornassem mais flexíveis o funcionamento do mercado de trabalho; recuperação de dívidas, etc.

É verdade que o termo “reformas econômicas” é genérico demais para se transformar em uma agenda clara de política econômica. Por exemplo, as reformas econômicas feitas na China desde 1978 foram