O governo dos EUA anunciou ontem que irá suspender os benefícios comerciais concedidos a Bangladesh devido a preocupações com desrespeito aos direitos trabalhistas e à falta de segurança nas fábricas do país asiático.
A medida, na prática, tem valor simbólico, já que apenas US$ 34,7 milhões dos US$ 4,9 bilhões exportados anualmente por Bangladesh para os Estados Unidos se beneficiam de tratamento especial do programa Sistema Geral de Preferências (GPS). As principais vendas de Bangladesh, produtos têxteis e de vestuário, não fazem parte do programa.
Porém, a decisão da Casa Branca pode se refletir numa queda de investimentos de empresas americanas no país e influenciar uma medida semelhante da União Europeia (UE), que também estuda alguma forma de punição. As exportações de Bangladesh para a UE somaram aproximadamente US$ 12,1 bilhões no ano passado.
O governo de Bangladesh se defende afirmando que vem tomando ações para melhorar as condições de trabalho desde o colapso, há pouco mais de um mês, das instalações de uma fábrica em Dhaka que causou a morte de 1.129 pessoas.
O negociador de Comércio dos EUA, Mike Froman, disse que o país iniciará novas discussões com Bangladesh com o objetivo de melhorar as condições dos trabalhadores, de forma a permitir que os benefícios tarifários sejam restabelecidos. Embora tenham decidido punir Bangladesh, os EUA até agora evitaram tomar a mesma atitude contra outros países que comprovadamente têm graves problemas de segurança no trabalho, como China e Índia.
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