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7 ago 2014

Sem alternativa de fornecimento, crise da água afeta indústria têxtil.

Setor sofreu retração no primeiro semestre; fábricas já pararam a produção por não conseguir alternativas de abastecimento.

A falta d’água no Estado de São Paulo afetou a produção de artigos têxteis e de vestuário no primeiro semestre deste ano. O setor que enfrenta dificuldades há anos no Brasil, por conta da concorrência desleal de produtos importados, este ano contou com mais este contratempo. Para Fernando Pimentel, diretor superintendente da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), é necessário criar soluções imediatas para ganhar competitividade.

Com o nível crítico dos reservatórios de água no Estado e sem alternativa de outras fontes de fornecimento, a produção de diversos ramos industriais vem sendo afetados desde o início deste ano. Em fevereiro a unidade da Rhodia, em Paulínia, adotou a interrupção na linha que produz materiais para a cadeia do náilon por 14 dias.

Entre janeiro e maio deste ano, a produção brasileira do segmento de vestuário teve queda de 0,8% em relação ao mesmo período de 2013, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já no segmento têxtil também houve uma queda de 6,3% no acumulado do ano. A indústria paulista corresponde a 30% da produção e vendas do setor no País.

“O setor têxtil utiliza um grande volume de água durante o processo produtivo. Com os problemas de abastecimento as empresas começaram a investir em soluções para consumir menos”, disse Pimentel. De acordo com a Federação das Indústrias de São Paulo, a crise da água foi responsável pela eliminação de três mil empregos no Estado.

No ABCD, os reflexos da falta de água não afetaram a produção, já que a Região conta apenas com fábricas de confecção, e não têxteis. “Temíamos apenas que a crise de abastecimento trouxesse problemas de aumento de preço nos tecidos e a data de entrega, porém isto não aconteceu. Mas soubemos que as indústrias têxteis implementaram medidas para diminuir o impacto”, disse um dos coordenadores do APL (Arranjo Produtivo Local) de confecção do ABCD, Antônio Trombeta.

Os custos com energia elétrica também subiram em todo o País e prejudicam a competitividade. “A falta de água também influencia na necessidade do uso das termoelétricas, o que encarece a energia elétrica. Esses dois fatores impossibilitam o setor prosperar e são necessárias medidas emergenciais”, afirmou o diretor superintendente da ABIT.

Outros gargalos
Nos primeiros seis meses do ano o volume das importações de vestuário apresentou aumento de 1,87%, em relação ao o mesmo período em 2013, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. “As importações, principalmente de peças asiáticas continuam aumentando. As indústrias brasileiras não conseguem competir em preço. Na Ásia se utiliza mão de obra quase escrava ou de mínima remuneração, condições precárias de trabalho e não se pagam muitos impostos. Não concordamos com este modelo de trabalho, e mesmo assim está difícil competir”, explicou Pimentel.

Para tentar driblar gargalos como este e outros, um grupo de empresários de confecções do ABCD se uniu em um APL no ano passado.  A Região  conta com  aproximadamente 400 empresas formalizadas, a maioria de micro, médio e pequeno porte, que geram cinco mil empregos diretos. Os problemas de competitividade são semelhantes ao do restante do País. O objetivo do grupo é criar alternativas em conjunto com as Prefeituras, instituições de ensino e sindicatos, para melhorar o desempenho, como formação de mão de obra, linhas de crédito para aquisição de matéria-prima e equipamento entre outros.

 

Fonte: ABCD Maior