Topo
Sindivestuário / Indústria da Moda & Negócios  / “Nunca fizemos roupa, sempre fizemos barulho”, diz o diretor criativo da Reserva
13 jun 2011

“Nunca fizemos roupa, sempre fizemos barulho”, diz o diretor criativo da Reserva



Ale Ougata


Rony Meisler é diretor criativo da Reserva e um dos sócios da marca ao lado de Diogo Mariani e Fernando Sigal. Alheio as badalações fashion, da turma que acha “um pedaço de pano é mais importante do que as incríveis características dos seres humanos”, Rony se sente um ‘ET’ no meio de tanta vaidade saindo pelos poros dos corredores da Bienal do Ibirapuera, em São Paulo, local sede da SPFW. A propósito é no primeiro dia do evento que Rony e sua equipe levam à passarela a coleção batizada de Cuba Libre, uma crítica bem humorada ao ex-presidente cubano Fidel Castro.

Em ritmo frenético, meio aos últimos ajustes e a muito barulho, o Terra entrevistou Rony Meisler, confira.

Terra: Quais são as dificuldades em desenvolver moda exclusivamente masculina?
Rony Meisler: Gosto de chamar as dificuldades de desafios. Digo que sonhar grande ou pequeno dá o mesmo trabalho. A diferença é que quando sonhamos grande os desafios parecem menores.
Fazer moda masculina é o meu barato, meu tesão. Nosso maior desafio está na reinvenção do básico. O homem brasileiro não entende o high fashion, ele é básico, e nossa tarefa está na construção de um produto avant gard sem propor que meu consumidor saia fantasiado de astronauta na rua.

Terra: O que você apontaria como característica principal do estilo do homem brasileiro?
Rony: Devido às características tropicais do país, o brasileiro não usa roupa, ele anda praticamente nú. Então, diria que a roupa do brasileiro é o sorriso, a felicidade. Em minha opinião, estilo não é o modo de vestir e sim o modo de agir.

Terra: Do Fashion Rio para a SPFW quais foram as mudanças na marca?
Rony: Comerciais. A SPFW é o maior evento de moda da América Latina. A Reserva já é hoje líder em seu segmento de mercado.
A migração para a SPFW nos posicional dentre os grandes do cenário nacional.

Terra: A moda da Reserva tem um ar meio retrô, vintage, estou certo?
Rony: Sim. Não vendemos roupas, apenas aproximamos o consumidor dos sonhos, lembranças e sentimentos que levamos da vida.

Terra: Como surgiu a Reserva?
Rony: Da percepção de que o mercado de moda estava um saco, música de uma nota. Enquanto éramos apenas consumidores percebíamos que as marcas praticavam um monólogo com seus clientes. Pretensão à beça. Enfim, entramos para dialogar com o consumidor, para nos divertir com ele. E a venda? Sempre consequência, nunca causa.

Terra: A que se deve a escolha do Pica-Pau como símbolo da marca?
Rony: Queríamos um ícone pop. A Reserva nasceu para ser pop, aqui não tem vaidade, não tem alter-ego e nem complexo de super herói. Queríamos uma marca que fosse maior que qualquer um de nós. Nós envelheceremos, morreremos, faz parte da vida. Já a marca é nosso legado, o que fica no final, o que acreditamos para um mundo mais bacana.
Convidamos um estúdio carioca para pensar nosso mascote. O Pica-Pau foi um dos descartes deles, o tirei do lixo pela sensação de que tudo que não é unanimidade permite um processo de construção maior, sem pré-conceitos. E, depois do Pica-Pau, muitas decisões que tomamos segue esta lógica.

Terra: O que se pode esperar do verão 2012 da Reserva?
Rony: Barulho. Nunca fizemos roupa, sempre fizemos barulho.

Terra: Uma peça que não pode faltar no closet masculino?
Rony: Outro dia disse que o sorriso é o novo preto. <