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20 maio 2011

Indústria de bens de consumo ainda perde para importados

O consumo doméstico aquecido e a manutenção de um real valorizado em relação ao dólar fizeram alguns segmentos da indústria nacional continuar a perder espaço para os importados no mercado interno no primeiro trimestre, na comparação com o último trimestre de 2010. A perda aconteceu principalmente em setores fabricantes de bens de consumo, como têxtil, vestuário, calçados, madeiras, móveis, automóveis e máquinas para escritório.


O recuo na participação da indústria nacional nesses segmentos chama a atenção porque esses setores seguiram tendência inversa da indústria geral. Levando em conta todos os segmentos industriais, a participação dos importados no mercado interno foi de 20,6% no acumulado de janeiro a março deste ano, o que representa queda em relação ao último trimestre de 2010, quando as importações atingiram 21,1% do mercado interno de industrializados. A recuperação foi puxada por setores como o de borracha e plásticos, no qual a participação dos desembarques recuou de 17,2% para 16,7% no mesmo período. O setor de máquinas e equipamentos, por outro lado, apresentou recuo na participação dos bens importados, que passaram de 34,4% para 33,6% na mesma comparação.


O levantamento é da LCA Consultores, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).


No setor têxtil, porém, a participação dos desembarques foi de 21,9% no acumulado de janeiro a março deste ano, acima dos 21,6% registrados no último trimestre de 2010. No segmento de calçados e couro a fatia dos importados ainda é relativamente pequena, mas cresceu de 9,9% nos últimos três meses de dezembro para 10,2% no primeiro trimestre de 2011. No segmento de máquinas para escritório e equipamentos de informática a fatia dos itens comprados no mercado externo saltou de 38,1% para 42,1% no mesmo período.



José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), acredita que a perda de espaço da indústria nacional nesses segmentos durante o primeiro trimestre é resultado da decisão de um número cada vez maior de empresas de importar.


“Os setores mais afetados são os fabricantes de bens de consumo e os de mão de obra intensiva, que perderam competitividade nos últimos anos em razão do aumento real de salários”, diz. Outro dado que demonstra a decisão de importar em vez de comprar do fornecedor nacional, argumenta, está nas importações de bens de consumo em ritmo muito mais forte que a compra do exterior de matérias-primas e intermediários. “Isso aconteceu durante todo o primeiro quadrimestre, em cada um dos primeiros quatro meses do ano.”


No acumulado de janeiro a abril, o valor médio diário importado de bens de consumo cresceu 34,8% em relação ao primeiro quadrimestre de 2010. No mesmo período, a importação de matérias-primas e intermediários teve elevação, mas cresceu em ritmo bem menor, de 21,3%. Considerando o total das importações, houve aumento de 27,1%.


“Com o mercado doméstico ainda aquecido a importação de bens de consumo é favorecida. O crescimento da importação desse tipo de bem em ritmo mais forte que a de matérias-primas e bens intermediários mostra que há uma opção por importar o bem acabado em vez de fabricá-lo no Brasil”, explica Castro. A valorização do real em relação ao dólar acentua o movimento. “À medida que aumenta a expectativa de manutenção da relação cambial, há mais segurança para importar. É como uma taxa de câmbio garantida.”


Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, o avanç