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22 fev 2013

Incêndios põem “fast-fashion” na berlinda

Os consumidores se acostumaram ao fluxo constante de novidades das lojas de vestuário “fast-fashion” (moda rápida). Em vez de lançar linhas só no começo de cada estação, redes como a Zara, da Inditex, e a H&M, da Hennes & Mauritz, introduzem estilos com frequências que chegam a ser de duas semanas. A renovação constante faz os clientes voltarem às lojas em busca desses produtos, que geralmente são mais baratos.

Mas defensores dos direitos dos trabalhadores afirmam que a moda rápida tem um lado sombrio: a demanda constante por lançamentos pode estar colocando em risco a vida de trabalhadores em países emergentes como Bangladesh, que em poucos meses já registrou dois incêndios em fábricas com vítimas fatais.

Roupas vendidas pela espanhola Inditex, a maior companhia de vestuário do mundo e pioneira do “fast-fashion”, foram encontradas em uma fábrica que pegou fogo em 26 de janeiro em Bangladesh, acidente em que pelo menos sete pessoas morreram. Em 24 de novembro, mais de 100 pessoas foram mortas em outro incêndio em uma fábrica no país que produzia roupas para companhias como Sears e Walmart.

O que está em questão é a dependência crescente de um modelo de negócios que encoraja a busca dos menores preços possíveis nas fábricas subcontratadas em países que já possuem alguns dos menores custos de produção do mundo. Para manter seus contratos, as fábricas podem colocar preocupações com as agendas de produção à frente dos direitos ou da segurança dos trabalhadores. “Se elas não conseguem entregar os produtos a tempo, com qualidade e nas especificações que os clientes querem, eles mudarão para o concorrente”, diz Richard Locke, professor da Sloan School of Management do Massachusetts Institute of Technology (MIT), cuja pesquisa sobre cadeias de fornecimento o levou a fábricas de várias partes do mundo.

Em seu relatório de responsabilidade corporativa de 2010, a Nike afirmou que “pedir às fábricas para produzirem um número muito grande de estilos é uma das coisas que mais contribuem para as horas extras dos trabalhadores no setor de vestuário”. E quando os trabalhadores não fazem pausas suficientes, diz Locke, acidentes podem acontecer.

Roupas das marcas Lefties e Bershka, da Inditex, foram encontradas entre os escombros da fábrica que pegou fogo em 26 de janeiro, segundo o Institute for Global Labour and Human Rights. A Inditex enviou investigadores ao local e parou de fazer negócios com a fornecedora espanhola Wonnover e a subcontratada bangladeshi Centex Textile & Apparel como medida de precaução, segundo o porta-voz da Inditex, Jesús Echeverria.

A alta dos salários e a inflação na China estão levando os varejistas globalizados a transferir a produção para Bangladesh. Uma indústria de US$ 18 bilhões vem florescendo, marcada por fábricas com instalações elétricas precárias, números insuficientes de saídas de emergência e pouco equipamento de combate a incêndios.

Mais de 700 trabalhadores da indústria de roupas já morreram em Bangladesh desde 2005, segundo o International Labor Rights Forum, um grupo de defesa dos trabalhadores de Washington. Ativistas dos direitos dos trabalhadores estão exortando as varejistas internacionais a ajudar a pagar por melhorias na segurança em cerca de 4,5 mil fábricas de Bangladesh. Isso representaria 10 centavos de dólar por peça, ou US$ 3 bilhões em cinco anos, segundo uma