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11 mar 2011

Enfim, as transparências apareceram na semana de Paris

Estava demorando, mas enfim elas apareceram, na pista do estilo fourreau, hit dos anos 1960, depois que Yves Saint-Laurent exibiu bustos das modelos nas passarelas. As transparências modernas são em geral mais discretas, para não assustar as mulheres. Está para nascer a ousadinha que se atreva a sair de casa com um vestido ou camisa de crepe preto, sem nada por baixo. Mesmo que se diga que isto é só para o desfile, reina uma desconfiança na plateia ou na leitora, parece que aquele look impregna toda a coleção e deixa o ranço da vulgaridade no ar. No tempo do Saint-Laurent, valeu como notícia e sinal de liberação feminina.

Agora, é tempo de sutilezas. Ricardo Tisci, um dos possíveis candidatos ao posto de Galliano na Dior, atraiu um universo vip para o Palais de Tokyo, com convidados tipo Rolling Stones – o Ron Wood, que esteve no desfile da Patricia Vieira e do Carlos Miele, no Senac Rio Fashion Business – Liv Tyler, Nicole Richie e outros desconhecidos para nós, brasileiros. Depois de um miado-rugido, o show Givenchy começou com conjuntos acetinados, com figuras de panteras nas saias curtas, em linhas brancas sobre preto. A base, mais uma vez, é a alfaiataria, feita mais sexy graças às transparências em preto, não só da cintura para cima, com sutiãs pretos por baixo, como nas saias, mostrando as coxas. Depois, as panteras foram sumindo, deram lugar a figuras de pin-ups nas suéteres ou foram cercadas por flores em coroas violetas. No lugar dos blazers, blusões esportivos. Sinceramente, já vimos Givenchy melhores – e não falo da era do Alexander McQueen, até hoje atual. Mesmo do Tisci, já vi melhor. O que são estes bonés com orelhas e estes óculos?

Mais pele à mostra em Stella McCartney, no lindo foyer da Opera Garnier. Claro que ela tem a base na alfaiataria, técnica em que se diplomou e estagiou em Londres. Pegou o smoking e fez grandão – também convém lembrar que Stella é a mãe do estilo boyfriend – em preto ou branco. Fez modelos em prata/papel Rochedo e dourado, fez o azul sem-graça que anda se insinuando nesta semana. Aderiu à silhueta de mangas longas e ombros arredondados – remember Balenciaga – e dedicou o final a pastilhas pretas sobre tule preto e forro preto, brancas sobre branco, em dois tamanhos diferentes. Sobre calças, com big smoking, até que vieram os vestidos com esta transparência com poás-pastilhas subindo pelas mangas e contornando o corpo todo nas laterais. Ok, deu um bom efeito nas fotos, provavelmente.


A grife Stella McCartney deixou Mais pele à mostra

Roupa que não mete medo em ninguém é da Leonard. Coincidência ou não, a trilha era um hit dos anos 1980, falando que “I’m not scared”(não tenho medo). A estilista Veronique Leroy aderiu mais às misturas de estampas e texturas do que a transparências desnudantes. É um tal de flores, triângulos, círculos e…cobras! Onças! Sim, sim, haja blusa de jérsei de seda, casacos retos no mesmo comprimento da saias, vestidos soltões, para tanto mix de onça, cobra, flores e mais um hit da temporada: arabescos cashmere. Uma moda certa, eterna.

Das transparências passamos direto para as cobras. Porque foi o bicho que deu também na Chloé, depois de Leonard. Em vestidos, saias, blusas, até lenços de pescoço, e em todas as cores – verde, amarelo, natural, marrom. Uma ala melhor do que a das calças, bem mais clássica, apesar de simpática.


E muito, muito melhor do que o jeans. Pode ser que hoje, agora, recém-acabado o desfile, achemos tenebrosas a saia evasê e a calça larga e curta, pelo tornozelo, com marcas de bolsos antigos, como se fosse reaproveitamento de calças velhas. Neste ponto, é louvável a idéia, de reaproveitar velharias.


Mas