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28 fev 2012

Em um mesmo setor, cenários diferentes


A mesma disparidade entre setores – onde alguns começaram janeiro com sinais de leve recuperação e outros ainda estão com encomendas mais fracas que as de 2011 – aparece no interior dos setores quando se olha para as empresas. No setor têxtil e de calçados, enquanto algumas indústrias já discutem rever para cima projeções para 2012, por conta do aumento do salário mínimo, outras ainda sentem a forte concorrência dos produtos importados.


Evandro Müller, diretor financeiro da Buddemeyer, empresa sediada em Jaraguá do Sul (SC), não revela o percentual de crescimento da produção, mas diz que os primeiros meses deste ano foram mais fortes do que os primeiros meses de 2011. Não só as encomendas do varejo foram melhores, como houve redução de custos. Neste ano, o setor, por enquanto, não sente uma pressão proveniente da cotação do algodão como aconteceu no primeiro semestre do ano passado, quando o algodão praticamente triplicou de preço.


Depois de um período de demanda mais fraca entre agosto e novembro do ano passado, as indústrias calçadistas iniciam 2012 em ritmo mais acelerado. O grupo Priority, dono das marcas West Coast e Cravo & Canela, já garantiu alta de 25% no faturamento do primeiro trimestre, ante igual período de 2011, enquanto a Bibi, fabricante de calçados infantis, fechou janeiro com expansão de 11% e prevê alta de 5% em fevereiro.


Segundo Eduardo Smaniotto, diretor da Cravo & Canela, as vendas para o primeiro trimestre já foram concluídas, duas semanas mais cedo do que no ano passado na linha feminina e uma semana antes no segmento masculino. De acordo com ele, o sinal de que o ano começaria bem veio na Couromoda de janeiro, quando os lojistas foram “avidamente” às compras para repor estoques e buscar novas coleções. O aumento da renda da população, em geral, e do salário mínimo, em particular, é visto pelo diretor como fator de estímulo às vendas de calçados no país, que neste ano deve absorver até 93% da produção da empresa.


O dado negativo fica por conta da Argentina, que representava de 30% a 40% das exportações da empresa – em 2011, os embarques ao exterior absorveram 15% da produção. Em 2012, as vendas para a Argentina deverão despencar em função das barreiras às importações impostas pelo país vizinho.


Na Bibi, a alta de 11% em janeiro só não deve se repetir em fevereiro, porque o mês é mais dedicado às exportações, que, por gozarem de isenções tributárias, geram receita bruta menor, explica o diretor administrativo e financeiro Rosnei Alfredo da Silva. De acordo com ele, os lojistas iniciaram as compras com mais intensidade desde dezembro do ano passado.


Para 2012, a Bibi projeta faturamento entre R$ 135 milhões e R$ 142 milhões, o que corresponde a alta de 6,5% a 12%, em comparação com os R$ 126,7 milhões apurados no ano passado. A produção física deve permanecer estável, em torno de 3,2 milhões de pares, e o crescimento da receita virá com o lançamento de produtos de maior valor agregado, diz o executivo.


A Bibi também prevê problemas com a Argentina, embora no momento não esteja com grandes volumes à espera de autorização para embarque. O país vizinho absorve normalmente 25% das exportações da empresa, que por sua vez corresponderam, em 2011, a 16% do volume fabricado, lembra Silva.


De acordo com Ivo Lombardi, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Brusque (SC) e região (Sindivest) e dono da empresa Miss Beth, janeiro e fevereiro foram meses mais fracos de produção, porque houve um recuo nas encomendas dos varejistas. Em 2011, no mesmo período, a situação era diferente: havia reposição daquilo que foi vendido no fim do ano. Agora, no primeiro bimestre deste ano, a produção na região