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14 maio 2012

Efeitos do câmbio já começam a ser sentidos na inflação

A expressiva ascensão do dólar em pouco mais de dois meses ao passar de R$ 1,70 (fechamento de fevereiro) para R$ 1,95 (ontem), encostando em R$ 1,97 na máxima da última quarta-feira, tem se refletido em pressão inflacionária no primeiro estágio da cadeia de produção, observado no salto dos preços ao produtor em razão principalmente da alta da soja e seus derivados no ramo industrial, como o óleo e o farelo.


A principal commodity agrícola da pauta de exportação brasileira já se encontrava em aceleração no mercado internacional desde a segunda quinzena de dezembro, chegando a ultrapassar o pico do ano passado e, com o processo de elevação da taxa de câmbio, amplificou-se o impacto sobre esses custos no mercado doméstico. Além disso, também já se observam os efeitos sobre alguns produtos industriais sensíveis ao câmbio, como o minério de ferro.


De fato, a depreciação do real tem ligação com os próprios movimentos do Banco Central, que entrou 16 vezes no mercado comprando dólar em abril, muitas vezes quando a cotação já estava em alta, o que sinaliza a intenção de aumentar o patamar de oscilação da moeda americana.


Ao consumidor, esses impactos ainda não são visíveis, dado que há uma defasagem temporal e uma certa diluição ao longo da cadeia. No entanto, os riscos seguem em expansão.


Após a surpresa de caráter bastante pontual com o 0,21% em março, o IPCA mostrou expressiva aceleração em abril, para 0,64%, ficando um pouco acima das expectativas. Na verdade, uma aceleração já era esperada por causa dos reajustes anunciados em cigarros e remédios e uma retomada nos preços de vestuário, após a atípica deflação no mês anterior. Vale destacar que, juntando-se a categoria de medicamentos (impacto de 0,05 ponto porcentual no índice cheio) e fumo (0,12 pp), tem-se 0,17 pp, o que representa 27% da alta do IPCA em abril.


Mesmo com esse resultado quase três vezes acima da taxa de março, o acumulado em 12 meses voltou a recuar devido à saída da base de cálculo da alta de 0,77% em abril de 2011, puxada pela forte alta de combustíveis naquela época. Pelas atuais circunstâncias, o acumulado em 12 meses tem reais possibilidades de voltar a acelerar em maio e, para isso ocor