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24 abr 2012

Cooperativa da Rocinha terá loja em shopping no Rio

Depois de 20 anos confeccionando produtos artesanais para diversas marcas, a Coopa-Roca (Cooperativa de Trabalho Artesanal e de Costura da Rocinha), com sede em uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, abrirá sua primeira loja própria. O endereço da empreitada será o Fashion Mall, o shopping mais chique do Rio de Janeiro, em São Conrado, zona sul da cidade. Embora esteja localizado a menos de 500 metros da Rocinha, o Fashion Mall não é frequentado pelos moradores da comunidade.


“Moro na Rocinha há dez anos e só estive aqui nesse shopping acho que umas duas vezes”, diz a artesã Liliane Moreira da Silva, diretora administrativa da Coopa-Roca. “Aqui tudo é muito caro”, enfatiza Maria do Rosário Souza Paiva, uma das mais antigas na cooperativa. Ela já faz parte da segunda geração de mulheres artesãs da Coopa-Roca, e aprendeu o ofício com a mãe, uma das fundadoras da cooperativa.


“Essa loja é tudo o que nós merecemos e tudo o que nós precisamos, e espero que a gente tenha bastante trabalho, porque trabalho é dinheiro, e dinheiro é qualidade de vida”, diz a artesã Maria Áurea Feitosa, que trabalha na cooperativa há três anos. A ideia da cooperativa surgiu a partir de um trabalho desenvolvido pela socióloga Teresa Leal, co-fundadora e coordenadora artística e executiva da Coopa-Roca.


Foi buscando novos materiais para as oficinas de arte desenvolvidas com as crianças da comunidade que surgiu o empreendimento, no início dos anos 1980. “Estávamos diversificando o material de reciclagem na oficina de brinquedos e chegamos a um fabricante de tecidos, que doou todo o mostruário da confecção anterior”, diz Teresa. Um grupo de 5 mulheres passou a trabalhar com os tecidos, e hoje a cooperativa conta com mais de 80 artesãs.


Nos primeiros anos, o grupo enfrentou as dificuldades típicas de uma pequena empresa, sem capital de giro e com uma capacidade produtiva limitada. Mas a visão empreendedora de Teresa fez com que ela buscasse alternativas e visse no mundo da moda um espaço que poderia ser ocupado por estas mulheres. “Os obstáculos sempre foram para mim parte de um processo de aprendizagem, porque eu refletia sobre os nossos limites”, afirma.


Oportunidade. Na década de 1990, os desfiles de moda começavam a surgir no Brasil. Teresa viu aí uma oportunidade para mostrar as peças desenvolvidas pelas mulheres da Rocinha. “Eventos como esse criam visibilidade e são estratégicos para nosso trabalho”. Após um desfile na Fundição Progresso, na Lapa, surgiu o convite de Paulo Borges, aclamado produtor de eventos de projeção internacional no mundo da moda, como a São Paulo Fashion Week. Em menos de um ano, já tinham convite para um desfile em Berlim, na Alemanha. “Naquela época, tínhamos uma visibilidade maravilhosa, mas ainda não tínhamos acessado o mercado”, avalia Teresa.


A cooperativa apostou também em exposições, e desde 2000 realizou três edições da “Retalhar”, no Rio e em São Paulo, uma idealização em parceria com o professor Cláudio Magalhães, coordenador de Extensão do Departamento de Artes e Design da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). “A proposta da Retalhar era criar pontes entre as técnicas artesanais da Coopa-Roca e destacar os profissionais do setor da moda, design e artes plásticas”, diz Teresa. Surgiu aí a oportunidade de manter novas relações comerciais e aumentar o volume de produção da cooperativa.


Nos últimos dez anos, o trabalho desenvolvido junto a marcas como as internacionais Lacoste e Osklen, além de outras no Brasil, como a M.Officer de Carlos Miele, fez com que as peças das artesãs da Rocinha rodassem o mundo, integrando projetos e eventos na Alemanha, Inglaterra, França, Itália e Estados Unidos. Surgia aí uma demanda potencial. “A ideia é sair do esti