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21 jun 2011

Inflação diminui ganho real nos acordos salariais

O céu de brigadeiro de 2010 para os reajustes salariais parece mais distante do que os seis meses incompletos deste ano podem indicar. O ritmo de crescimento da economia é menor, a inflação é mais elevada e, além disso, o governo federal move, desde o início do ano, uma política de aperto na atividade que começa a chegar nas negociações do funcionalismo. O rendimento médio real dos trabalhadores cresceu apenas 1,9% em abril deste ano, na comparação com o mesmo mês do ano passado – a alta chegou a ser de 6,5% reais em outubro de 2010, na comparação anual. A combinação virtuosa entre inflação baixa e a concentração de negociações dos sindicatos mais fortes e organizados, entre setembro e outubro, foi embora – o salário habitualmente recebido pelos trabalhadores em abril foi 2,8% menor, em termos reais, que o embolsado em outubro.


Usada na maioria das negociações salariais, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que acumulara 4,6% nos 12 meses terminados em setembro de 2010, chegou a 6,4% nos 12 meses terminados em maio deste ano – em maio e junho do ano passado, o INPC acumulara 5,3% e 4,7%, respectivamente. Assim, o reajuste de 8,5% nos salários dos três mil trabalhadores da indústria têxtil de Curitiba, concedido em maio de 2010, representou elevação de 3,2% acima da inflação nos salários. Já neste ano, ainda que com um reajuste apenas um pouco inferior – de 8% nominal -, o ganho real caiu pela metade. O quadro se repetiu para os 180 mil comerciários do Rio de Janeiro, cujo ganho real de 0,4% conquistado neste ano foi quatro vezes menor que o recebido no ano passado.


Uma resposta sindical há tempos fora do noticiário voltou com força neste primeiro semestre – as greves. Descontentes, muitas categorias mobilizaram-se em assembleias e cruzaram os braços. Em alguns casos, como o dos 28 mil trabalhadores da indústria da borracha (como pneus) de São Paulo, a decretação do estado de greve fez as companhias cederem – o ganho real deste ano, de 2,6%, foi superior aos 2% obtidos em 2010.



Nem todas as mobilizações, no entanto, resultaram em vitória para os trabalhadores. Não houve acordo entre os trabalhadores e a indústria têxtil de Brusque (SC) para o reajuste deste ano. Os trabalhadores não aprovaram a proposta patronal de 6,5% de reajuste – 0,1% acima da inflação do período. Segundo Aníbal Boetger, presidente do sindicato dos trabalhadores, o pedido é de 7,5% de reajuste. O piso salarial passaria de R$ 780 para R$ 830, o que corresponde ao INPC do período. Depois da primeira audiência conciliatória, sem acordo, os sindicatos patronal e de trabalhadores devem brigar na Justiça do Trabalho.


Ao mesmo tempo, estatais seguem diretriz defendida pela presidente Dilma Rousseff, para quem a concessão de ganhos salariais reais neste ano pode colocar mais lenha na fogueira inflacionária.


“Os negociadores do grupo Eletrobras foram claros: a presidente fincou o pé, não é para ter reajuste real neste ano”, diz Carlos Reis, presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo. Segundo Reis, as negociações deste ano são “inusitadas”. Enquanto as empresas privadas seguem a tendência do mercado, isto é, usam a inflação mais elevada como defesa contra reajustes mais elevados, as companhias federais (como Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletrosul e Eletronuclear), que deram reajustes polpudos nos últimos anos, estão firmes contra o ganho real. Já a Cesp, estatal paulista do setor elétrico, aceita negociar elevação real.


O Sindicato dos Eletricitários de Furnas (Sindefurnas), que representa os funcionários da estatal em três Estados (MG, MT e GO), promoveu greve de dois dias na semana passada. A mobilização envolveu todo o quadro, à exceção dos profissionais que atuam em serviços essenciais. “Foi o que pe