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17 jun 2011

Freira vai à SPFW e fala sobre hábito: “está sempre na moda”

A irmã Fátima Sousa, da Congregação das Irmãs de Santa Marcelina, em São Paulo, respira o mundo fashion há pelo menos nove anos, desde que deixou a cidade mineira de Muriaé para morar em São Paulo e atuar como educadora na Faculdade Santa Marcelina, que oferece o primeiro curso de moda do Brasil, regulamentado em 1987. Ao lado da coordenadora do curso e da diretora acadêmica da faculdade, a freira visitou a SPFW para prestigiar o desfile da ex-aluna Priscilla Darolt, a quarta grife a se apresentar no line-up oficial, nesta quinta-feira.


Simpática e muito bem humorada, a religiosa comentou sobre o uso do hábito, o nome que se dá à tradicional veste das freiras. “Está sempre na moda. Andamos sempre de branco, uma cor neutra”, brinca. Segundo ela, ao contrário do que se pode imaginar, os estudantes da faculdade de moda apreciam o bom e velho hábito de sempre.

“Eles gostam de nos ver de hábito, nunca pediram para a gente deixar de usar. Temos alunos de todos os credos, e eles nos respeitam muito”, afirma a religiosa, lembrando que puve muitas ideias para um novo desenho. Mas esse só é feita em Roma, por um estilista italiano (mas que, ela garante, não é Giorgio Armani).

“A cada seis anos, nos reunimos em Roma para discutir vários temas. A mudança do hábito pode ser um deles. O modelo é feito na Itália e proposto para a nossa congregação. A última mudança realizada foi no véu que cobre a cabeça, ficou mais simples”, conta.

Sinal dos tempos
Sempre sorridente, a irmã Fátima acha graça de ser entrevistada, mas faz questão de explicar que a moda, por meio da faculdade, pode ser uma forma de evangelização cristã. “Somos religiosas, mas somos educadoras. Educamos e evangelizamos, de acordo com o sinal dos tempos. Se a moda é uma forma de nos aproximar dos jovens, então o faremos”.

Nascida no Maranhão, ela entrou para a Congregação das Irmãs de Santa Marcelina bem jovem, aos 17 anos. Ao falar sobre um de seus assuntos preferidos, ela se recorda de uma notícia do jornal britânico The Times, em 2000, quando foi morar em Londres: “Eu abri o jornal e li assim: ‘São Paulo, capital da moda. Por que, não?’. Passou um ano, eu voltei para Minas e, desde 2002, estou aqui em São Paulo, como educadora de uma faculdade de moda”.

Reencontro com ex-alunos
Sempre que possível, a religiosa visita as temporadas da São Paulo Fashion Week. Para ela, o evento é uma boa oportunidade para reencontrar ex-alunos. Entre eles, com a ajuda de Vera Lígia, diretora acadêmica da Faculdade Santa Marcelina, e de Raquel Valente, coordenadora do curso de moda, ela enumera estilistas das grifes Cavalera, Cori, Ellus, Neon, além do já reconhecido internacionalmente Alexandre Herchovitch.

Irmã Fátima aproveitou para elogiar a criatividade dos estilistas nacionais. “Quando venho à SPFW, gosto de ver a busca das pessoas pela moda. É um movimento que mostra que o Brasil está evoluindo muito. É muito criativa (a produção). Moda é arte e faz parte da nossa vida”, defendeu.

Antes de assistir ao desfile da ex-aluna Priscilla Darolt, com passos apressados, a religiosa voltou a demonstrar o seu bom humor ao ser indagada, enfim, sobre a predileção por alguma grife. “Eu não ligo para grifes. Eu sempre uso o mesmo modelo branco. Aliás, o verdadeiro estilista não mostra tendências. O Armani, por exemplo, nunca mostra nada. Ele está sempre com aquela camisetinha preta”, disse ela, sorridente, em direção à sala onde seria realizado mais um desfile da SPFW


 


Fonte: Terra